segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A ERA DO RETARDO MENTAL (Por Rafaella Gappo)


É evidente que o Brasil está passando por um grave problema de burrice generalizada. É muito mais grave do que a simples ignorância. A ignorância pode ser tratada com informação, conhecimento. A ignorância é não saber, mas à partir do momento que o ignorante adquire o conhecimento ou informação que lhe faltava já está curado. O indivíduo burro não. Mesmo quando ele tem todas as informações e conhecimento nas mãos, é incapaz de pensar e chegar a conclusões sozinho. Ele é adestrado, quase que lobotomizado. O indivíduo burro serve apenas como pendrive: sua utilidade é receber dados e repassá-los.
Sempre que surge um “assunto do momento” é a hora perfeita para identificar esse tipo de indivíduo. Ele tem um certo sentimentalismo falso. Não é que ele realmente sinta ou se importe com alguma coisa, mas ele é fortemente influenciado por reações de raiva, revolta e tende a reproduzi-las. É um virus que vai contagiando em cadeia os indivíduos burros, que não usam argumento lógicos para criticar o outro lado, apenas copiam e colam o que ouviram/leram de uma certa fonte juntamente com sua forma de expressão dramática e violenta. Eles não analizam o conteúdo, mas a repercussão do fato. A capacidade de compreensão do que está acontecendo por um indivíduo burro não passa muito disso: “um grupo A coitadinho se sentiu ofendido, desmerecido, humilhado pelo grupo B. Logo o grupo B é mau, eu odeio o grupo B, eu preciso destruir o grupo B.”
Os últimos exemplos mais evidentes foram a vinda de médicos estrangeiros para o Brasil através do Mais Médicos e o processo das piadas de Danilo Gentili e Marcelo Mansfield por uma doadora de leite.
Em ambos os casos dá pra notar que a raíz da revolta não está em um grupo de indivídios em si, mas na própria maneira que a informação é transmitida na mídia. A notícia já vem como em um formato de tabela, existem os campos “agressor”, “agredido” e “conclusão”. O que o jornalista faz é simplesmente preenche esses espaços, da maneira que for conveniente.
As notícias dos principais jornais logo que os primeiros médicos cubanos vieram foram todas regadas de drama e sensacionalismo. Existia o grupo dos agredidos: os pobrezinhos NEGROS dos médicos cubanos, e o grupo dos agressores: os riquinhos BRANCOS médicos brasileiros, e a conclusão “óbvia”: médicos brasileiros são racistas e não querem trabalhar.
A notícia sendo apresentada dessa forma trouxe revolta a indivíduos burros que não pensaram nem ao menos em questionar POR QUE um bando de médicos NORDESTINOS (a propósito) iriam se juntar para xingar outros médicos exclusivamente por motivos raciais (como foi mostrado). Qualquer um que lesse uma notícia sem cabimento dessas, pensaria que ela não mostra nenhuma verdade ou que mostra uma parte da verdade que teve um direcionamento de como foi apresentada. Mas o indivíduo burro não se questiona, ele age por impulso, pela raiva, pela revolta – sua e dos outros. Ele quer fazer parte do grupo, ele vê várias pessoas xingando médicos brasileiros e xinga também – tal qual uma criança faz para se enturmar.
O processo contra piadas feitas no Agora É Tarde, programa de HUMOR, pelos COMEDIANTES Danilo Gentili e Marcelo Mansfield também é um grande exemplo disso. NINGUÉM se ofendeu com as piada quando elas foram feitas. Não havia UM comentário sequer dizendo que elas eram desrespeitosas. Um mês depois quando a doadora saiu em jornais dizendo que estava processando, uma massa de indivíduos burros surgiu para defendê-la. Mais uma vez as notícias saíram no padrão “agredido”, “agressor” e “conclusão”, o formato certo para sensibilizar. É claro que ninguém se perguntou: se ela estava tão incomodada por ter ouvido umas piadinhas na sua cidade do interior, por que não se incomoda de estar virando chacota no país todo? (Ninguém se lembrava da piada, ou de quem era ela até que ela saiu no jornal dizendo que estava processando) As piadas de alguma forma desmereceram o trabalho dela como doadora ou apenas fizeram uma simples alusão à quantidade de leite e ao tamanho dos seios? Se fosse o caso e ela tem vergonha do tamanho dos peitos, por que disponibilizou para um jornal uma foto deles quase que descobertos por completo? Se ela tem vergonha da quantidade de leite que consegue produzir por que ela quis entrar por Guinness por esse mérito? As piadas foram feitas com informações que ela mesmo forneceu de livre e espontânea vontade para jornais ou foram tomadas através de invasão da sua privacidade sem seu consentimento? E a pergunta mais pertinente que nenhum indivíduo burro se questionou: por acaso fazer piada é ilegal, porra?
Não, não é ilegal:
Art. 142 – Não constituem injúria ou difamação punível:
I – a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
obs.dji.grau.4: Exercício Regular do Direito
IIa opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III – o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
“Não será crime contra a honra se o agente desejava simplesmente fazer uma piada (animus jocandi), vontade de repreender (animus corrigendi) ou qualquer outro desejo que não o de ofender.” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Crimes_contra_a_honra)
É óbvio que não ouve intenção de injuriar ou difamar. A intenção de uma piada é fazer alguém rir através de uma distorção cômica. A piada é exatamente engraçada porque ela distorce a realidade, isso não é injúria, isso é o que uma piada é.
Mas é claro que o indivíduo burro – que na verdade nem merecia esse nome, a massa burra ou coletivo burro, porque, afinal, ele nunca anda sozinho – não sabe disso e até mesmo um trocadilho banal passa a ser um CRIME, o humorista que está fazendo seu trabalho passa a ser um CRIMINOSO. Sim, a massa burra adora usar termos dramáticos e exagerados, ela se ofende com qualquer coisa que alguém diz que é ofensivo.
A massa burra vende uma imagem de justiceiros, são os robin hoods digitais. Eles pregam o respeito e a liberdade irrestritos com algumas restrições. Eles se ofendem quando médicos chamam cubanos de “escravos”, mas tudo bem xingá-los de “racistas”, “babacas”, “elitistas”, “preguiçosos”. Eles se ofendem quando humoristas fazem umas piadas, mas tudo bem xingá-los de “machistas”, “incompetentes”, “otários”, “filhos da puta”. Eles pregam que quem se sente ofendido tenha a liberdade de processar quem o ofendeu, mas são contra a liberdade de poder fazer uma simples piada.
Eles não percebem suas contradições, afinal nunca pensaram sobre isso. Não passam de máquinas de repetição de discurso e comportamento. Cuidado para não ser mais um. E lembre-se: se você se sente muito confortável sobre o que você (acha que) pensa, se você não se sente nem um pouco acuado ao escrever em redes socais, com medo de ser atacado por moralistas da rede, então provavelmente você faz parte da massa burra.

FONTE: http://rafaellagappo.wordpress.com/2013/11/06/a-era-do-retardado-mental/

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