segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Danilo Gentili – O Neo-opressor oprimido (Por Luiz Antônio Ribeiro)

Obviamente, o título do texto está mais para uma provocação do que realmente a expressão de uma realidade. Antes de mais nada, é preciso saber que é urgente que se supere dentro de nossa sociedade essa divisão estanque entre opressor e oprimido. Você sabe quem é o opressor e quem é oprimido? Essa lógica binária, muito comum de um marxismo velho em que separa o mundo entre patrão e operário continua, ainda, em vigor em parte de nossa elite dita intelectual, com um discurso que simplesmente repete aquilo que tem medo que se modifique. O que se quer dizer é claro: dizer que o mundo se divide em opressor x oprimido, lógica que só faz sentido para quem está do lado do opressor, é se isentar do lugar em que está, assumindo um falso e artificial lugar “por fora” desse pensamento, como se aquele que nomeia fosse capaz de ver tudo alheio à realidade e dar um diagnóstico preciso.
A luta de classes se desfez em lutas de discursos de imagens, de pensamentos tão segmentados que desmontaram a tradicional separação maniqueísta de Marx. Não há mais periferia, não há mais oprimido – todos são produtores de discursos, de pensamentos, de lógicas culturais que podem, em determinado momento, tomarem a cena como ocorre com o funk e com a cultura hip-hop. Não se trata de “arte de periferia”, ou seja, de uma margem, mas de um pensamento que forma um novo centro que, geralmente é muito mais rico que o “centro tradicional” da elite intelectual. O que se vê, na maioria das vezes, são “pensadores” acuados pelo teor de vitalidade do pensamento que vem dos demais centros, que deslocam suas visões de mundo e colocam em cheque um discurso que foi dominador (e por conseguinte, opressor) durante muito tempo. A cultura funk não precisa mais do aval da MPB para fazer sucesso e isso simplesmente assusta a MPB zona sul e os universitários voz e violão.
Isto posto, quero ressaltar o caso recente que aconteceu com Danilo Gentili. Para quem ainda não sabe, uma mulher apareceu no portal G1 de Pernambuco afirmando ser a maior doadora de leite do Brasil. No mesmo dia, como é comum no programa Agora é Tarde de Gentili, ele fez piada de diversos assuntos, inclusive com o caso da moça. Uma delas foi: “Em termos de doação de leite, ela está quase alcançando o Kid Bengala. No entanto, logo em seguida, foi anunciado que a mulher estava processando o humorista, pois segundo ela, ele usou sua imagem sem prévia autorização e ridicularizou-a em público, gerando constrangimento e deboches vindos de pessoas de sua cidade.
Para mais informações sobre o caso, acesse: Link.
Em seguida, o que foi visto pelas redes sociais foi um fenômeno bastante natural na atualidade: diversas páginas com imagens de Gentili chamando-o de reacionário, idiota, estúpido, direitista, entre outras coisas, como se só o fato dele ter feito a tal piada fosse suficiente para colocá-lo no hall de pessoas a serem perseguidas. Algumas das questões levantadas eram: o humorista deve fazer piada em direção ao opressor e não ao oprimido. Aí eu pergunto: Que oprimido? Que opressor? Se a mulher se sentiu ofendida e acha que sofreu prejuízos ela tem direito de processar Danilo, mas isso não quer dizer que ele seja um cara que visou tal ofensa. Aliás, é muito comum se confundir humor com ofensa, descontextualizando-o e olhando pelo viés “material” do que foi dito e não do conteúdo que é, em si, feito para apontar uma crise do enunciado.
O humor, em linhas gerais, é nada mais do que isso: uma crise. Sua função essencial é pegar os conceitos estabelecidos, as classes, as instâncias políticas, da linguagem e do pensamento e gerar uma inoperância desses discursos. Ele é, em si, subversivo, pois não tem projeto nem proposta, não tem frentes nem defesas, não pode perceber o que é “opressor” ou “oprimido”. Quando o humor começa a indagar se é “certo” ou “justo”, ele perde sua potência, sua vitalidade e deixa, instantaneamente, de ser humor. É nesse quesito que os pensadores, principalmente da sisuda, dominadora e autoritária esquerda, não conseguem suportar o humor: ele desmorona em segundos todo o seu palavrório construído para suportar todo o tido de paradoxo e ambivalência.
Danilo Gentili tem se transformado, assim como outros humoristas, em um alvo fácil, pois se coloca com um humor muitas vezes infantil, debochado, inconsequente e que não se importa com o ataque dos verdadeiros conservadores, os patrulhadores da liberdade. Sua posição em relação ao humor é tão simples que gera exatamente a crise que a elite tanto evita: o humor é para rir. Se ele é sem graça, não ria, não veja, mas chamar um humorista de reacionário que ofende minorias é um absurdo difícil de ser digerido.
Engraçado que, em países com um nível de educação mais justo, mais equilibrado, o humor é bastante bem aceito, enquanto aqui embaixo, os intelectuais, e principalmente eles, acham o humor um mal pra sociedade. Não é a toa que somos um dos últimos do mundo em educação.

A ERA DO RETARDO MENTAL (Por Rafaella Gappo)


É evidente que o Brasil está passando por um grave problema de burrice generalizada. É muito mais grave do que a simples ignorância. A ignorância pode ser tratada com informação, conhecimento. A ignorância é não saber, mas à partir do momento que o ignorante adquire o conhecimento ou informação que lhe faltava já está curado. O indivíduo burro não. Mesmo quando ele tem todas as informações e conhecimento nas mãos, é incapaz de pensar e chegar a conclusões sozinho. Ele é adestrado, quase que lobotomizado. O indivíduo burro serve apenas como pendrive: sua utilidade é receber dados e repassá-los.
Sempre que surge um “assunto do momento” é a hora perfeita para identificar esse tipo de indivíduo. Ele tem um certo sentimentalismo falso. Não é que ele realmente sinta ou se importe com alguma coisa, mas ele é fortemente influenciado por reações de raiva, revolta e tende a reproduzi-las. É um virus que vai contagiando em cadeia os indivíduos burros, que não usam argumento lógicos para criticar o outro lado, apenas copiam e colam o que ouviram/leram de uma certa fonte juntamente com sua forma de expressão dramática e violenta. Eles não analizam o conteúdo, mas a repercussão do fato. A capacidade de compreensão do que está acontecendo por um indivíduo burro não passa muito disso: “um grupo A coitadinho se sentiu ofendido, desmerecido, humilhado pelo grupo B. Logo o grupo B é mau, eu odeio o grupo B, eu preciso destruir o grupo B.”
Os últimos exemplos mais evidentes foram a vinda de médicos estrangeiros para o Brasil através do Mais Médicos e o processo das piadas de Danilo Gentili e Marcelo Mansfield por uma doadora de leite.
Em ambos os casos dá pra notar que a raíz da revolta não está em um grupo de indivídios em si, mas na própria maneira que a informação é transmitida na mídia. A notícia já vem como em um formato de tabela, existem os campos “agressor”, “agredido” e “conclusão”. O que o jornalista faz é simplesmente preenche esses espaços, da maneira que for conveniente.
As notícias dos principais jornais logo que os primeiros médicos cubanos vieram foram todas regadas de drama e sensacionalismo. Existia o grupo dos agredidos: os pobrezinhos NEGROS dos médicos cubanos, e o grupo dos agressores: os riquinhos BRANCOS médicos brasileiros, e a conclusão “óbvia”: médicos brasileiros são racistas e não querem trabalhar.
A notícia sendo apresentada dessa forma trouxe revolta a indivíduos burros que não pensaram nem ao menos em questionar POR QUE um bando de médicos NORDESTINOS (a propósito) iriam se juntar para xingar outros médicos exclusivamente por motivos raciais (como foi mostrado). Qualquer um que lesse uma notícia sem cabimento dessas, pensaria que ela não mostra nenhuma verdade ou que mostra uma parte da verdade que teve um direcionamento de como foi apresentada. Mas o indivíduo burro não se questiona, ele age por impulso, pela raiva, pela revolta – sua e dos outros. Ele quer fazer parte do grupo, ele vê várias pessoas xingando médicos brasileiros e xinga também – tal qual uma criança faz para se enturmar.
O processo contra piadas feitas no Agora É Tarde, programa de HUMOR, pelos COMEDIANTES Danilo Gentili e Marcelo Mansfield também é um grande exemplo disso. NINGUÉM se ofendeu com as piada quando elas foram feitas. Não havia UM comentário sequer dizendo que elas eram desrespeitosas. Um mês depois quando a doadora saiu em jornais dizendo que estava processando, uma massa de indivíduos burros surgiu para defendê-la. Mais uma vez as notícias saíram no padrão “agredido”, “agressor” e “conclusão”, o formato certo para sensibilizar. É claro que ninguém se perguntou: se ela estava tão incomodada por ter ouvido umas piadinhas na sua cidade do interior, por que não se incomoda de estar virando chacota no país todo? (Ninguém se lembrava da piada, ou de quem era ela até que ela saiu no jornal dizendo que estava processando) As piadas de alguma forma desmereceram o trabalho dela como doadora ou apenas fizeram uma simples alusão à quantidade de leite e ao tamanho dos seios? Se fosse o caso e ela tem vergonha do tamanho dos peitos, por que disponibilizou para um jornal uma foto deles quase que descobertos por completo? Se ela tem vergonha da quantidade de leite que consegue produzir por que ela quis entrar por Guinness por esse mérito? As piadas foram feitas com informações que ela mesmo forneceu de livre e espontânea vontade para jornais ou foram tomadas através de invasão da sua privacidade sem seu consentimento? E a pergunta mais pertinente que nenhum indivíduo burro se questionou: por acaso fazer piada é ilegal, porra?
Não, não é ilegal:
Art. 142 – Não constituem injúria ou difamação punível:
I – a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
obs.dji.grau.4: Exercício Regular do Direito
IIa opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III – o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
“Não será crime contra a honra se o agente desejava simplesmente fazer uma piada (animus jocandi), vontade de repreender (animus corrigendi) ou qualquer outro desejo que não o de ofender.” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Crimes_contra_a_honra)
É óbvio que não ouve intenção de injuriar ou difamar. A intenção de uma piada é fazer alguém rir através de uma distorção cômica. A piada é exatamente engraçada porque ela distorce a realidade, isso não é injúria, isso é o que uma piada é.
Mas é claro que o indivíduo burro – que na verdade nem merecia esse nome, a massa burra ou coletivo burro, porque, afinal, ele nunca anda sozinho – não sabe disso e até mesmo um trocadilho banal passa a ser um CRIME, o humorista que está fazendo seu trabalho passa a ser um CRIMINOSO. Sim, a massa burra adora usar termos dramáticos e exagerados, ela se ofende com qualquer coisa que alguém diz que é ofensivo.
A massa burra vende uma imagem de justiceiros, são os robin hoods digitais. Eles pregam o respeito e a liberdade irrestritos com algumas restrições. Eles se ofendem quando médicos chamam cubanos de “escravos”, mas tudo bem xingá-los de “racistas”, “babacas”, “elitistas”, “preguiçosos”. Eles se ofendem quando humoristas fazem umas piadas, mas tudo bem xingá-los de “machistas”, “incompetentes”, “otários”, “filhos da puta”. Eles pregam que quem se sente ofendido tenha a liberdade de processar quem o ofendeu, mas são contra a liberdade de poder fazer uma simples piada.
Eles não percebem suas contradições, afinal nunca pensaram sobre isso. Não passam de máquinas de repetição de discurso e comportamento. Cuidado para não ser mais um. E lembre-se: se você se sente muito confortável sobre o que você (acha que) pensa, se você não se sente nem um pouco acuado ao escrever em redes socais, com medo de ser atacado por moralistas da rede, então provavelmente você faz parte da massa burra.

FONTE: http://rafaellagappo.wordpress.com/2013/11/06/a-era-do-retardado-mental/

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Desfavor da semana: Ordenhando a fama alheia. (Por Sally e Somir)

ds-ordenhando
“Uma sentença emitida na 2ª Vara Cível de Olinda determinou que a emissora de televisão Bandeirantes pague uma multa diária de R$ 5 mil caso não retire da internet um trecho do programa “Agora É Tarde” em que o humorista Danilo Gentili faz uma piada sobre a pernambucana Michele Rafaela Maximino, de 31 anos. (…) Michele doou mais de 300 litros de leite para hospitais de Pernambuco e tenta entrar para o Guinness Book, o Livro dos Recordes, como a maior doadora de leite do mundo.” FONTE
E de quebra o Brasil ganha a oportunidade de entrar para o Guinness como o país mais estúpido do mundo. Desfavor da semana.

SALLY

Antes que venham encher minha caixa de e-mail com (mais) ofensas: o texto está longo, está grosseiro e SIM, É A MINHA OPINIÃO. Não tem coisa mais burra do que alguém que lê um texto assinado e depois faz o brilhante adendo: “Mas essa é a sua opinião…”. Não. É a opinião de Jesus Cristo, que eu acabei de psicografar, anta! Se tem a porra do meu nome no topo do texto, é evidente que é a minha opinião!
Tá difícil de decidir quem está fazendo o papel mais feio: a infeliz que quer dinheiro fácil, a imprensa ou o Judiciário. Vamos falar um pouco sobre cada um deles.
Antes de mais nada, uma pergunta: uma pessoa extremamente magoada, traumatizada e transtornada a ponto de ter consequência físicas devido ao trauma que passou posta fotinho de advogado dando entrada em petição contra quem originou esse trauma? Com a legenda “MICHELE PROCESSA DANILO GENTILI NO FORUM DE OLINDA”? Eu nunca tinha visto nada assim. Você já viu uma mulher estuprada que faz de uma petição protocolada um álbum no Facebook? Não, né? Isso é coisa de gente traumatizada ou coisa de gente que quer aparecer? Postar no Facebook advogado protocolizando (sim, protocolando é errado) processo é coisa de gente que quer aparecer. Em tempo, um dos advogados dela, oportunistas e caça-níqueis, vergonha para a profissão é igualzinho ao Leôncio, aquela morsa do desenho do Pica-Pau. Cada um tem o advogado que merece, dá uma olhada nisso.
Pelo menos o Leôncio teve o bom senso de não processar criminalmente. Processar humorista criminalmente é uma das maiores burrices que eu já vi. Para quem não sabe, os crimes contra a honra (calúnia, injúria, difamação) não incidem se a intenção era fazer piada. Se havia o chamado ANIMUS JOCANDI (do latim, a intenção de fazer piada), não há crime. Não sou eu quem diz, é o STF. Da mesma forma que também não há crime se houver qualquer outro “animus” (criticandi, narrandi…). Para haver injuria, por exemplo, tem que haver o ANIMUS INJURIANDI, ou seja, tem que ficar claro (porque in dubio pro reo) que a intenção era injuriar o outro mesmo, denegri-lo. PAREM DE PROCESSAR HUMORISTAS CRIMINALMENTE, NUNCA VAI DAR EM NADA. Burrice que só atravanca o Judiciário!
Mas enfim, falemos sobre esta pessoa que se ofendeu. Vamos supor que você teve a infelicidade de nascer não no cu, mas na hemorroida do mundo: Quipapá, no Pernambuco. É CERTO que você vai morrer no anonimato, a menos que se mexa, e muito, para tentar desesperadamente aparecer. Eu faço boas ações, eu diria até mais significativas do que fabricar e doar leite, mas eu não ostento. Sabe porque? Porque a minha privacidade vale mais. Eu não faço questão da minha carinha portenha no Guinness Book ou em jornal. Sabe porque? Novamente, porque a minha privacidade vale mais. Eu não faço questão da minha cara nem mesmo aqui, um filho meu, uma construção de cinco anos. A vida é feita de escolhas. Passarinho que come pedra sabe o cu que tem. Quis aparecer, não quis? Quis entrar para o livro dos recordes. Mandou fotos suas para a imprensa, quis sair no jornal, não foi? Pois é, quando a gente se expõe, se sujeita a críticas, comentários, opiniões e piadas.
A piada veio e esta senhora, Michele Rafaela Maximino, se indignou. Danilo Gentili, em seu programa “Agora é Tarde”, disse que em matéria de doação de leite ela só perdia para o Kid Bengala. Sobrou até para o Mansfield, que fez uma alusão ao tamanho dos peitos da mulher dizendo que aquilo não era uma espanhola, era uma América Latina inteira. Eu já falei que eu amo o Mansfield? Pois eu amo. Ela também se doeu porque fizeram uma montagem de uma caixinha de leite com a cara dela escrito “Leite da Moça” com uma letra similar à do “Leite Moça”. Apenas piadas. Goste você ou não, ache você de bom gosto ou não. Apenas piadas. Eu quero viver em um país onde piadas de bom e de mau gosto possam ser contadas, e você? Quem decide o que é bom gosto e o que é mau gosto? Humor não tem que ter limite.
Pois é, meu povo, quando você manda fotinho com metade dos peitos aparecendo para a imprensa, as pessoas tem o direito de comentar. Não quer os outros falando sobre você ou sobre a sua vida? Não ostenta sua vida na imprensa. Cria um blog anônimo, escreve usando um pseudônimo que mais parece nome de poodle e se preserva da opinião alheia. Mas não, as pessoas querem ostentar, querem seus cinco minutos de fama e só querem receber elogios. Críticas ou piadas geram uma reação desproporcional e os ofendidos correm para o Judiciário, apelando para que ele faça uma intervenção paternalista, entulhando-o de processos e atrasando a vida de quem realmente precisa da prestação jurisdicional.
Alguém tem alguma dúvida de que se fosse em outro contexto esse processo geraria apenas uma notinha em jornal? Não é o primeiro processo contra Danilo Gentili, entretanto, está repercutindo com força. Curioso como parece haver um empenho da imprensa em “inflacionar” o ocorrido, em direcionar a opinião pública contra ele. Curioso também ele ser uma das poucas pessoas com culhões para destilar críticas ferrenhas direcionadas à política, sobretudo ao PT. Ano de eleição está chegando, talvez não seja bom deixar que uma pessoa que está atenta e comenta cada pisada de bola continue tendo voz ativa e credibilidade. Danilo incomoda, não apenas por sua influência na televisão, como também nas redes sociais. Daí a imprensa atiça o Brasileiro Médio, tal qual se atiça um Pit Bull e depois os solta da coleira. Que Danilo seja lembrado como “um escroto” (assim como fizeram injustamente com Rafinha Bastos) interessa a muitos.
Foi estabelecido que se você é uma “boa pessoa”, você tem que se indignar com esta piada. Ponto final. Ninguém questiona, ninguém se atreve. Ninguém parece ter subsídios mentais para isso. É mais fácil agarrar a oportunidade, dizer o que todo mundo diz, sair de bom moço e se juntar ao coro dos que criticam a piada. O bacana é capitalizar pisando no outro, jogar o outro na lama para parecer bonzinho. Não há espaço para parar, refletir e dizer: “Espera, será que isso que está acontecendo é proporcional? Será que não faltou fair play?”. Não, foi decretado que a piada é inadequada e portanto deve ser banida, silenciada, censurada. Essas pessoas se acham referência mundial de bom senso e bom gosto, se ELAS não gostam, então não presta, então tem que calar, banir, censurar. Daí começam a vir os sensacionais argumentos como “queria ver se fosse com a sua mãe”. Sério mesmo, desesperança total no brasileiro. São pessoas fora do alcance das nossas mãos, sem subsídios mentais mínimos para compreender do que se está falando. Não estamos aqui entrando no mérito de uma piada, estamos falando de algo maior. Não quero que ninguém goste da piada, quero que saibam conviver com aquilo que não gostam, porque democracia é isso, não é dizer o que quer e sim ter que ouvir o que não quer.
O circo está armado: uma piada canalha maltratou e traumatizou uma santa mulher que fazia um bem para a sociedade e esta pobre mulher, traumatizada, vai parar de doar leite e criancinhas vão morrer de fome por culpa do Malvado Danilo Gentili. E quem falar o contrário não presta, é tão filho da puta quanto ele e é reacionário, porque tudo agora é ser reacionário. Ninguém reflete sobre o quanto essa mulher concorreu para que seu nome viesse a ser citado por qualquer pessoa do mundo. Quem se expõe para o mundo não pode pretender receber de volta apenas coisas que lhe agradem.
É nisso que dá proibir aborto de fetos anencefálicos, eles crescem, votam no PT, escutam Chico Buarque e vilanizam uma simples piada. Não contente em atiçar o populacho sem cérebro, a imprensa ainda joga mais lenha na fogueira. Perdi a conta de quantos sites supostamente sérios disseram que Danilo Gentili chamou a mulher de VACA. Eu vi o programa na data da exibição e fiz questão de rever o vídeo agora (este texto foi escrito na quinta-feira, o vídeo ainda estava no ar) e em momento algum ele chama a mulher de vaca. Mas eu chamo: VACA LEITEIRA, baranga, safada e pilantra. Se fazendo de vítima para conseguir dinheiro. Nunca doou leite por bondade ou caridade, queria fama, notoriedade, seus atos mais do que comprovam isso. Foquem nos atos, e não nas palavras, pois falar todo mundo fala o que quer. Se conhece a real intenção de uma pessoa pelos atos. Falta de vergonha na cara! Quem faz um ato bondoso e depois ostenta lhe tira todo o valor, sinal de que o fez para se promover, para ostentar uma imagem de boa pessoa e não por amor. Eu lá quero ir para o Guinness por algo que fiz por amor à causa, de coração? Quando faço uma boa ação eu o faço por fazer, não para bater recorde.
Some-se a todo este absurdo o fato de nenhum grande veículo de comunicação parece querer pagar uma porra de uma Assessoria Jurídica. Mais uma vez, como tantas outras apontadas aqui ao longo de cinco anos, os erros crassos, grotescos, teratológicos entregam que não há Assessoria Jurídica e se há é na base do favorecimento, porque quem quer que a esteja fazendo é um merda. Já divulgaram que a Vaca Leiteira “ganhou a ação”. Oi? Na mesma semana em que entrou com a ação? Improvável, bem improvável. O que aconteceu foi o deferimento de uma LIMINAR para retirar o vídeo do ar ENQUANTO a causa não é julgada, algo temporário e não definitivo como estão pintando. E duvido que ganhe, esses advogados chave de cadeia, que pulam em cima de oportunistas (sim, oportunistas dos oportunistas) querendo também cinco minutos de fama costumam ser muito incompetentes. Leôncio vai fazer merda, questão de tempo. Aliás, já fez. Continuem lendo e descubram do que estou falando.
Daí vai o Judiciário e fecha de vez o caixão do bom senso e acolhe esta suposta liminar, dando razão temporariamente à Vaca Leiteira, que voluntariamente enviou suas fotinhos para tudo quanto era órgão da imprensa e agora reclama quando comentam o que ela mesma liberou para o mundo. A juíza Cíntia Daniela Bezerra de Albuquerque, da 2 Vara Cível da Comarca de Olinda fez este desfavor para a sociedade. Decisão covarde, movida pelo medo da reação de pessoas de uma cidade de interior. A Juíza tirou o dela da reta, ou então é tão provinciana quanto a autora da ação, coisa que eu não descarto. Isso é censura. E abre um precedente perigoso: já pensou se CADA BABACA OFENDIDO por uma piada recorrer ao Judiciário para tirar a piada do ar? Já pensou no que este país vai virar?
Quer saber a verdade? Quer saber o que realmente está acontecendo em matéria de processo? Tal qual fizemos no caso do Rafinha Bastos, vamos analisar o processo direito da fonte e ver que “tipo” de advogado se presta a esse papel. Aqui a gente faz questão de dar, além da opinião, os fatos concretos para que vocês mesmos possam formular seu juízo de valor, sem ficar refém do nosso. Vamos ler com calma a decisão da juíza e traduzir para bom português? Vem comigo, que em matéria de direito não dá para confiar em mais ninguém :
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
JUÍZO DE DIREITO DA 2a VARA CÍVEL DA COMARCA DE OLINDA
Fórum Lourenço José Ribeiro
Av. Pan Nordestina, s/nº, Km 04, Vila Popular, Olinda-PE
Processo nº 0013777-90.2013.8.17.0990
Autora: Michele Rafaela Maximino
Réus: Rádio e Televisão Bandeirantes Ltda. e outros
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA
Vistos etc.
Prefacialmente, defiro o pedido de emenda da inicial, determinando a inclusão das pessoas indicadas às fls. 44/47 no pólo passivo da ação. Proceda a Secretaria às diligências necessárias.
Michele Rafaela Maximino, devidamente qualificada no exórdio, ajuizou a presente Ação de indenização de danos morais com pedido de antecipação de tutela em face da TV Tribuna Recife, da Rádio e Televisão Bandeirantes Ltda., e dos senhores Danilo Gentili e Marcelo Mansfield, igualmente qualificados, aduzindo, em síntese, que:
1. no dia 03.10.2013 os Réus veicularam, no programa televisivo Agora é Tarde, exibido no horário da noite, uma matéria feita pelos apresentadores humoristas Danilo Gentili e Marcelo Mansfield, com imagens não autorizadas da Autora e com a utilização de termos pejorativos, fazendo comparações chulas e indecentes, referindo-se ao fato de ser atribuído a esta o recorde de doação de mais de 300 (trezentos) litros de leite humano, ressaltando que a referida matéria está sendo veiculada em caráter permanente em diversos sites na rede mundial de computadores;
Não precisava de autorização para usar essa imagem, já que a Vaca Leiteira voluntariamente a cedeu a tudo quanto é meio de comunicação. Imagina se cada jornalista, apresentador ou comediante tiver que pedir autorização para usar uma foto que foi publicada em um jornal? Engraçado que quem a elogiou não foi acusado de utilizar imagens sem autorização…
2. as imagens veiculadas, após edição, traduzem inverdades de cunho malicioso e indecoroso, pois a Autora é técnica em enfermagem, participante de várias campanhas de amamentação no Hospital IMIP, Maternidade Bandeira Filho, entre outros;
“Inverdades de cunho malicioso”. Por acaso acharam que havia alguma intenção de convencer os outros de que ela lançaria uma marca de leite com sua foto na caixinha? Isso nunca foi passado como verdade nem foi essa a intenção. Foda-se o que ela é, relevância zero para o argumento que estava sendo exposto no começo do parágrafo. Esse advogado não tem coerência e não sabe concatenar duas frases.
3. a atitude dos Réus trouxe várias consequencias negativas para a Autora, em sua relação com familiares e conhecidos, bem como em sua esfera psíquica, estando, inclusive, sendo acompanhada por psicólogo a fim de amenizar os traumas sofridos.
Nunca fizeram uma piada com ela? Ela teve um trauma e precisou de um psicólogo por terem feito uma piada? Não pensou nisso antes de enviar suas fotos para tudo quanto era mídia? Curioso, em cidades do interior como esta mulher costuma ser tratada que nem bicho por uns elementos machistas. Duvido que ela nunca tenha ouvido nada tão grosseiro, a diferença é que quem falou não tinha dinheiro.
Requereu a antecipação dos efeitos jurisdicionais da tutela de mérito, no sentido de que os Réus sejam intimados para que imediatamente retirem da internet o programa veiculado com conteúdo alusivo à Autora, bem como a exibição da gravação original com as imagens do programa com a edição que foi ao ar com a matéria ora questionada.
PÉÉÉÉÉÉÉÉÉ! ERRO CRASSO! Qualquer estagiário de direito (e leitor do Desfavor, pois eu já expliquei isso em uma postagem antiga) vai saber te dizer a diferença entre Antecipação dos Efeitos da Tutela e Liminar. Era caso de Liminar e o Leôncio pediu outra coisa! ERRO CRASSO. Em direito cometer esse erro é o mesmo que em medicina esquecer uma pinça do lado de dentro do paciente após a cirurgia. Caráter satisfativo mandou lembranças.
Decido.
Registro, primeiramente, que o primeiro provimento requerido é de natureza cautelar, posto que visa, tão-somente, assegurar o resultado útil do processo, não se confundindo com os pedidos de mérito formulados na petição inicial.
Juíza deixando claro e cristalino o erro grotesco do advogado, dizendo que é caso de LIMINAR.
De toda sorte, é possível analisá-los à luz dos requisitos específicos – fumus boni juris e periculum in mora – em face do disposto no artigo 273, § 7º, do CPC.
Juíza sendo camarada e julgando um pedido errado como se tivesse sido feito um pedido certo. Se houver “perigo na demora” e “fumaça do bom direito” pode ser concedido um pedido liminar. O que é isso: se for constatado que a demora em determinada providência pode acabar por prejudicar o processo como um todo (ex: uma testemunha está prestes a morrer e deve ser interrogada imediatamente, porque depois isso não poderá ser feito) o juiz pode conceder uma liminar dando a ordem para que, PROVISORIAMENTE, o pedido seja acatado ENQUANTO a questão não é decidida de forma definitiva. A “fumaça do bom direito” são indícios de que a pessoa tem um mínimo de razão naquilo que está pedindo.
À vista dos elementos probatórios existentes nos autos até o momento, concluo pela presença dos referidos requisitos, senão vejamos.
A mídia trazida aos autos denota que os apresentadores do programa Agora é Tarde, valendo-se da imagem da Autora e do fato de a mesma ter doado mais de trezentos litros de leite materno, fizeram comparações esdrúxulas, algumas até de cunho indecoroso, extrapolando a aparente intenção de fazer humor e achincalhando, inevitavelmente, a sua imagem.
É, é bem isso. Danilo Gentili acordou e pensou “Acordei de mau humor, hoje eu quero magoar aquela mulher de Quipapá, mas vou fazer uma piada para disfarçar!” Alguém duvida que a única intenção era fazer humor? Extrapolou a intenção de fazer humor? Onde está essa linha? Quem decide? Que interesse teria ele em fazer algo que não humor com ela?
A abordagem grosseira feita na matéria sem dúvida sujeitou a Autora a situação vexatória, expondo indevidamente sua imagem, máxime em razão das montagens feitas, dando a entender que a mesma estaria ou passaria a vender o leite materno por ela doado, o que deveras poderá comprometer sua reputação junto as pessoas/instituições que receberam ou recebem sua doação e dificultar a continuidade da ação que, frise-se, é de alto relevo social.
Estou hiperventilando… O fato de fazerem uma caixinha com a foto dela deu a entender que ela iria começar a VENDER seu leite e minou sua reputação de doadora e a reputação dos locais onde ela doa? SOCORRO! Tudo bem que o brasileiro tem preguiça de pensar, mas será que alguém deixou de perceber que era uma PIADA, que ela não ia vender o leite?
Presente, pois, a fumaça do bom direito.
Por outro lado, o perigo da demora vislumbra-se na manutenção da veiculação da matéria na rede mundial de computadores que, como cediço, possui largo alcance de usuários, a nível global e em tempo real; destarte, manter a vergastada matéria na internet somente contribuirá para a disseminação do conteúdo ofensivo a honra e reputação da Autora, causando-lhe dano irreparável ou de difícil reparação.
Como se retirar da internet ajudasse a impedir que o assunto se alastre. Muito pelo contrário, agora é que não vão falar em outra coisa. Parabéns, a Vaca Leiteira e o Judiciário juntos foram os maiores publicitários que essas piadas poderiam ter.
Ademais, não há que se falar em perigo da demora inverso, uma vez que em caso de eventual improcedência da ação a matéria questionada poderá voltar a ser veiculada.
Fica claro o caráter provisório da proibição do vídeo. Ao final, quando a questão for decidida no mérito, o vídeo poderá ser veiculado novamente,
Por fim, no que tange ao pedido de exibição, entendo que este não merece acolhimento, uma vez que a própria Autora trouxe aos autos o vídeo do programa com a matéria a seu respeito, não havendo, portanto, necessidade/utilidade para tal pleito, pelo que fica indeferido.
Posto isso, com arrimo no artigo 798 do CPC, DEFIRO, LIMINARMENTE, O PROVIMENTO CAUTELAR REQUERIDO NA EXORDIAL, PARA DETERMINAR QUE A RÉ RÁDIO E TELEVISÃO BANDEIRANTES LTDA., RESPONSÁVEL PELA DISPONIBILIZAÇÃO DO CONTEÚDO, PROVIDENCIE A RETIRADA DA MATÉRIA VEICULADA NO PROGRAMA AGORA É TARDE DO DIA 03.10.2013, RELACIONADA À AUTORA, DE TODOS OS SÍTIOS DA REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES QUE SEJAM DE SUA RESPONSABILIDADE, ASSIM COMO IMPEDIR QUE DEMAIS SÍTIOS DA INTERNET MANTENHAM OU DISSEMINEM O ALUDIDO CONTEÚDO, NO PRAZO DE 05 (CINCO) DIAS, SOB PENA DE MULTA DIÁRIA DE R$ 5.000,00 (CINCO MIL REAIS), NOS TERMOS DO § 4° DO ARTIGO 461, DO CPC.
Intime-se a referida Ré do teor da presente decisão para cumprimento imediato.
No mais, cumpram-se as determinações seguintes:
1. Citem-se os Réus para, querendo, responderem a presente ação no prazo de 15 (quinze) dias, com as advertências do artigo 285 do Código de Processo Civil.
2. Apresentada resposta na modalidade de contestação e ocorrendo a hipótese prevista no artigo 326 do CPC, intime-se a Autora para se manifestar no prazo de 10 (dez) dias.
3. Com ou sem a réplica, intimem-se as partes para informarem, no prazo comum de 05 (cinco) dias, sobre a possibilidade de conciliação e, na hipótese negativa, esclarecerem se desejam produzir prova oral em audiência de instrução, indicando, neste caso, as provas que pretendem produzir e a respectiva finalidade.
4. Voltem-me os autos conclusos somente após o cumprimento de todas as diligências anteriores, salvante a hipótese de incidente processual que demande suspensão do processo ou resolução imediata.
Publique-se. Cumpra-se.
Olinda, 29 de outubro de 2013.
Cíntia Daniela Bezerra de Albuquerque
Juíza de Direito
(em exercício cumulativo)
Leôncio só tinha UM trabalho, o coração desta petição: acertar o pedido que estava fazendo. E errou. Confundiu Antecipação de Tutela com Liminar (quem quiser me manda um e-mail que eu explico com calma e didática a diferença dos dois, que por sinal é gritante). Errou e ainda assim a juíza tirou leite de pedra e depreendeu estarem presentes os dois requisitos da Liminar que deveriam ter sido claramente provados pelo Leôncio na petição e não foram, porque ele pediu errado. Minha opinião: a juíza tomou essa decisão para se resguardar, porque a autora da ação mora na hemorroida do mundo e tudo repercute pior em cidade do interior. Na dúvida, ela lavou suas mãos e tirou temporariamente o vídeo do ar até que a questão seja julgada no mérito, ou seja, até que se decida se havia apenas a vontade de fazer uma piada ou a clara intenção de jogar o nome desta mulher na lama e minar sua credibilidade como doadora.
É preciso ser muito doente mental para achar que estavam querendo dar a entender que ela passaria a VENDER leite e que se pretendia desacreditá-la como doadora, bem como à instituição onde ela doava. MAS MUITO DOENTE MENTAL MESMO. Eu honestamente gosto de acreditar que ainda não chegamos a este ponto, mas decisão de tribunal do Nordeste é sempre uma incógnita para mim, pois como disse o próprio Joaquim Barbosa, são “deploráveis e atrasados”. Duvido que ganhe. Duvido muito que ganhe. E essa mulher está bem fodida, porque além de tudo é uma baranga que nem uma Playboy vai conseguir cavar, ela parece a hiena do filme “A era do gelo” só que de peruca e batom! Talvez uma Globo Rural. E Leôncio e demais advogados oportunistas que orbitam em torno dessa desconfiguração facial em forma de mulher: seu passado os condena. Me aguardem.
Essa comoção popular com todo mundo dando apoio (spoiler: ela se vangloria do apoio do Neymar no Facebook, mas ela deveria dar uma checadinha para descobrir se o perfil que a apoiou não é FALSO) vai passar e em breve ela será esquecida. Os bons moços de plantão já já acham outra causa para se degladiar virtualmente enquanto coisas realmente importantes e graves que afetam a todos nós continuam acontecendo debaixo do nosso nariz. Aumento de IPTU? Gente morrendo na fila do hospital? Criança levando tiro dentro da escola? Não, não. Vamos todos usar nossa força para fazer um grande escândalo por causa de uma piada, afinal, É ISSO que importa, não é mesmo? Sério mesmo, repito mais uma vez: valeu cada centavo minha tatoo. A próxima vai ser na testa.
Parabéns, Michele Rafaela Maximino, você teve seus cinco minutos de fama. Sorte sua que Danilo Gentili é uma pessoa pública e não pode te arregaçar judicialmente como você merece. Fosse comigo, uma nobody que não tem nada a perder, te metia cinco processos de volta por conta do seu oportunismo e vai por mim, pelo menos em um ou dois você tomava uma trolha. Principalmente se fosse defendida pelo Dr. Leôncio, que confunde Antecipação de Tutela com Liminar. Vai para casa, minha filha. Deixa as pessoas te esquecerem e se quiser dinheiro, TRABALHA. Quem se sujeita ao público se sujeita a tudo: críticas, piadas e comentários. Não quer? Faz como eu: se preserva.
De onde eu venho as pessoas podem falar o que quiserem de alguém que se expõe em público. Os jornalistas argentinos fazem Danilo Gentili parecer um Teletubbie depois de tomar Prozac: expressam opiniões muito mais contundentes e rudes. E lá não existem tantos processos desse tipo como aqui. O problema não é o que falam, o problema é quem escuta. Quando babacas não são recompensados pelo Judiciário as pessoas aprendem a não dar tanta importância ao que os outros pensam e passam a utilizar o Judiciário apenas para questões realmente urgentes. Tomara que um dia o pai desta mulher precise de uma cirurgia urgente e não tenha vaga. Tomara que Leôncio Antecipação de Tutela tente mais uma ação (errada) e seu processo demore DIAS para ser apreciado, por causa de uma pilha de processos de pessoas ofendidas que estavam no caminho. Tomara. Vocês pensam que não, mas processos como este são um câncer para a sociedade, morre gente por causa de processos assim, gente que não pode esperar mas é obrigada a esperar.
Sim, eram para ser duas páginas e viraram oito. Sabe porque? Porque se eu não falar, acho que mais ninguém fala. Esse processo é uma vergonha, mal redigido e mal conduzido. Minha opinião: a mulher é uma caipira idiota passando necessidades que viu a chance de uma vida boa iludida por advogados inescrupulosos. Advogado assim bate na porta da pessoa sem que ela peça, convence a pessoa a processar celebridade, promete mundos e fundos. É de fazer cair o cu da bunda, mas é verdade, meus colegas estão nesse nível. Vivem disso, de iludir coitados. Oferecem serviços de graça, iludem a pessoa dizendo que ela vai ganhar um milhão, a convencem a mentir. Uma pena, uma pena mesmo. Errou todo mundo: a imprensa, a Vaca Leiteira e o Judiciário. E, é claro, esse povo bunda que repete o lê sem questionar. Mas o povo bunda não é novidade, o povo bunda sempre erra.
A questão aqui não é se você gosta ou não da piada, se você gosta ou não de Danilo Gentili, se você concorda ou não com a piada, se você faria ou não a piada ou se você acha de bom gosto ou não a piada. Estão discutindo a coisa errada em redes sociais. Quem quer traçar uma linha para limitar o humor não passa de um arrogante filho da puta que se acha detentor de um bom senso universal. Escroto ter essa pretensão. A questão é: você quer viver em um país onde se possam fazer piadas de todos os tipos, de todos os gostos? Eu quero.

Para discutir uma opinião pessoal sua que não vem ao caso, para tentar me convencer que isso é mais urgente e importante do que falta de escola e hospital ou ainda para ousar dizer que humor tem que ter limites e ouvir um palavrão de 17 sílabas: sally@desfavor.com

SOMIR

O texto da Sally veio BEM maior do que o habitual, mas como a análise jurídica dos absurdos cometidos contra humoristas já entrou para o repertório do desfavor e como se Sally não escrever NENHUM puto toca no assunto com essa abordagem, vale muito a pena. Eu? Eu me contento em apontar um dos pontos mais preocupantes de toda essa história: um novo capítulo de incentivo explícito à ignorância, ao egoísmo e à limitação.
Nada temam, eleitores da situação, toda vez que alguém falar algo que te tire um pouco que seja da sua zona de conforto de estupidez e hipocrisia, os valorosos membros do Judiciário surgirão em seus alazões, adornados com belas suas belas e superfaturas armaduras; bradando a poderosa espada da justiça! Vocês jamais terão que lidar com o peso de pensar por mais de meio segundo sobre qualquer conceito mais abstrato do que “como levar vantagem imediata em qualquer situação”!
Inteligência é crime, esperteza é solução. De uma certa forma, a tal de Michele só está processando Danilo Gentili porque riram de uma piada que ela não entendeu. E eu preciso ser honesto aqui: Por mais que tenham sido piadinhas bobas de momento, por mais que não exista nenhuma obrigação sequer de sorrir ao ouvir uma delas, mesmo assim é de uma burrice INCRÍVEL não conseguir entendê-las como piadas independentes da pessoa Michele.
Que uma mulher genérica morando num fim de mundo seja incapaz de lidar com o conceito de humor não é exatamente um absurdo. Muita gente nesse país também não parece ser capaz sequer de compreender uma fração das informações que absorve diariamente. Culpemos a educação deficitária, a cultura de esperteza acima de tudo… Todas razões válidas. Agora, quando esse grau de burrice é demonstrado por advogados e juízes que supostamente estudaram para estar lá?
Aí as coisas perdem sequer a possibilidade de explicação. É difícil até registrar que um ser humano formado por um processo educacional completo demonstre esse tipo de atraso. Como não perceber que o elemento central de todos os comentários jocosos no “Agora é Tarde” não era a pessoa e sim o conceito em geral? Michele poderia se chamar Fernanda e as piadas seriam idênticas. Ela poderia ter a cor que quisesse e as piadas seriam as mesmas. Qualquer outro tipo de rosto, e as piadas se repetiriam. A situação ficou tão maluca que condenaram o humor em si!
Como Michele fez questão de vir a público para se posicionar como doadora de leite, era evidente que não falariam sobre ela apenas por existir, mas sobre o feito que tentava estampar nas páginas do livro dos recordes. Michele por si só não conseguiria atenção em escala nacional. Assim como a maioria de nós não consegue (mesmo que tantos queiram).
Neste caso, humoristas analisaram o pedido de atenção feito por ela com sua habilidade peculiar. E nenhum deles resolveu ofendê-la de forma pessoal, fizeram apenas comentários inusitados sobre a notícia em questão. Toda a suposta humilhação passada por ela se deve à reação ignorante de pessoas ao seu redor. Nem acredito que seja verdade, já que brasileiro se amarra em ser esperto… Mas considerando que seja, veja que absurdo: Pessoas burras agem de forma burra depois de escutarem um piada e a culpa é de quem fez a piada!
Convenhamos… pessoas com uma habilidade mínima de pensamento crítico jamais veriam o programa e começariam a ofender a mulher. Isso é coisa de gente muito ignorante e limitada, gente que sequer entende a separação entre fazer e ser! Se ela foi vítima desse tipo de gente, foi mal, mas o sistema não existe para validar esse tipo de comportamento infantilóide.
Infelizmente o humor “de comentários inusitados” não é exatamente o mais inclusivo que existe. Faz parte do pacote que muita gente ainda não tenha a capacidade de registrar uma piada como piada só por não ter alguém berrando um bordão no final. Como brasileiro parece viciado nesse tipo de humor infantil baseado em repetição, o baseado em comparações e observações acaba não encontrando sua plateia em tantos lugares assim.
Repito: não tem a ver com achar engraçado, é sobre registrar uma piada como piada na cabeça. Ao invés de se dar ao trabalho de explicar para esse povo que existem outras formas de se fazer rir, preferem censurar e punir os humoristas só para não ter que passar por toda aquela parte de “tem que fazer mais do que ver novela e falar sobre a vida alheia para começar a entender grande parte da informação que você recebe durante a sua vida”.
E se ignorarmos essa necessidade de qualificar o ouvinte da piada, cretinices como achar que estava-se comparando a doação de leite com masturbação e auferindo o comportamento “onanista” à Michele são recebidos sem nenhum contraponto. Você precisa ter um atraso intelectual acentuado para acreditar nisso. Sério. É grave não entender um jogo de palavras e dar o valor literal para cada expressão! É bonitinho quando uma criança faz, mas quando é um adulto estudado? Surreal!
A pessoa tem seu sagrado direito de se sentir ofendida e exigir retratação, agora, não dá para deixar um bando de crianças mimadas e preguiçosas ditarem a extensão da liberdade de expressão de um país. Não dá para nivelar tão por baixo! É triste que tenhamos tanta gente sem senso de humor nesse país, mas é um problema muito mais grave que isso contamine o Judiciário de tal forma.
E olha que eu nem falei sobre bairrismo.

Para dizer que mal percebeu que tinha o meu texto hoje, para dizer que estamos puxando demais o saco do Danilo Gentili (veja TODOS os textos sobre o Rafinha Bastos para entender melhor porque é ideologia consistente por aqui), ou mesmo para dizer que vai me processar porque não entendeu o que eu escrevi: somir@desfavor.com

 

FONTE: http://www.desfavor.com/blog/2013/11/desfavor-da-semana-ordenhando-a-fama-alheia/


Agradecimento de Danilo Gentili à Flavio Morgenstern, sobre o caso da doadora de leite e perseguição da militância esquerdista.

Agradecimento de Danilo Gentili à Flavio Morgenstern, sobre o caso da doadora de leite e perseguição da militância esquerdista.

Coleciono uma porção de ondas de ataques do patrulhamento vermelho transvestido de "indignação popular". Todas as vezes que isso aconteceu foi sempre "coincidentemente" após eu me manifestar na internet ou tv contra a esquerda e o governo. Isso ocorreu consideráveis vezes para uma carreira tão curta e inexpressiva como a minha. Essa frequência porém pôde tornar claro pra mim o modus operandi do patrulhamento contra um individuo opositor que trabalhe com humor. Basta eu "blasfemar" contra o socialismo que o procedimento segue: : encontram uma piada que tenha uma potencial vítima coitadinha para ela (não importa se essa piada já foi feita meses atrás e na ocasião ninguém se ofendeu). Eles ressuscitam a piada, tiram do contexto, deixam a vítima da piada dizer na mídia como está prejudicada com ela e então os aldeões na imprensa, perfils que nunca me seguiram, cibermilitância (paga), idiotas úteis e blogs (pagos pelo governo - vcs conhecem todos eles) iniciam uma campanha de linchamento. Já passei por isso por fazer piadas anti-gayzismo, anti-maismédicos, anti-lula, anti-dilma, anti-jeanwillis, anti-drauzio, anti-ong, etc. Essa última onda de ataques eu sofri logo após realizar na mesma semana um Hang-Out com Lobão e Olavo e dar entrevista para o Instituto Mises. Como já expliquei, seguiram o modus operandi de sempre. Cavocaram, e, MAIS UMA VEZ, coincidentemente, mesmo a piada tendo sido feita tempos atrás, a vítima só apareceu ofendida agora, após eu novamente me manifestar fortemente anti-esquerdismo. Então se inicia a campanha pública para diminuir meu quadro de admiradores dizendo que sou nazista, racista, xenófabo, reacionário (mas com esse ultimo não me importo, de fato eu sou isso).

Porém algo diferente aconteceu dessa vez. Dessa vez eu não precisei fazer minha auto-defesa, posta-la sozinho e militar em cima dela (como sempre fiz, vejam aqui, http://liberdadederesposta.wordpress.com/ ) esclarecendo o ardil da engenharia social e do politicamente correto. Flávio Morgenstern o fez. Muito obrigado, Flávio! De coração. É um alívio saber que não estou sozinho nesse ambiente hostil que é o da opinião pública brasileira para um opositor. Chico Buarque defende assassino e terrorista e tem blogueiros pagos por toda internet para elogia-lo por isso. E os não esclarecidos quando buscam referências encontram inúmeras defesas ao qualquer ataque que ele tenha sofrido por isso.
Para a massa de não-esclarecidos que me segue a melhor propaganda pró-liberdade que pode haver é verem que os argumentos a favor do que é certo são infinitamente mais inteligentes e saudáveis do que os da reforma social e do politicamente correto. Quando meu público comum (que é uma massa grande na internet) vê que os opositores do status-quo esquerdista atual são mais geniais e inteligentes do que seus defensores do politicamente correto, isso dá força e esperança para que um "agente cultural de massa", como eu, possa continuar seu trabalho de pescar um desavisado no oceano da massa leiga e direciona-lo para o cesto do conhecimento para aprenderem com pessoas como vocês, a melhor forma de transformar a situação degradante que estamos através da grande conversação.

É assim que me enxergo. Não tenho conhecimento, cultura ou esclarecimentos o suficiente para instruir ninguém. Mas sei que vocês podem fazer isso. Eu tenho popularidade e uso ela para direcionar pra vocês leigos e curiosos para aprenderem. Assim como eu aprendi e aprendo muito com vocês. E toda retaguarda que eu, Lobão e qualquer figura pública que se opõe abertamente a esquerda pode receber quando é alvo de crítica só mostra união e isso inspira mais e mais pessoas a se posicionarem. Ninguém quer se posicionar se quem se posiciona toma porrada de todo lado sozinho. Mas é inspirador que pessoas estejam com esses.


Obrigado.

Segue o texto de Flávio Morgenstern

http://www.implicante.org/artigos/danilo-gentili-e-a-amamentacao-se-a-patrulha-nao-aguenta-que-beba-leite/

PROIBIDO PENSAR (Léo Lins)

Autor: Léo Lins

PROIBIDO PENSAR

Poucos meses atrás fui alvo de um protesto de dekasseguis (brasileiros no Japão) em virtude de piadas com terremoto. Poucas semanas atrás Danilo Gentili foi notificado que está sendo processado por uma mulher que se ofendeu com piadas sobre o fato de ter doado mais de 400 litros de leite. Tata Werneck recebeu queixas da comunidade judaica e Bruno Mazzeo foi acusado de racismo por causa de um esquete. Tudo isso em questão de 2 meses. Fora isso tramita no congresso uma lei para proibir as biografias não autorizadas. Será mesmo que não existe censura? Será que estamos livres para falar o que quiser?

“Seja qual for sua origem, a fala é a maior de todas as invenções”. (Geoffrey Blainey)

Cada vez mais o Estado está a costurar a boca das pessoas. A justificativa para esta costura é utilizar uma agulha de moral e um fio de boas maneiras, onde, segundo eles, a união dos dois é benéfica para o povo.

A capacidade de raciocinar fez o homem chegar à lua, mas parece que hoje em dia ele não é capaz de chegar a uma conclusão. É preciso o Estado intervir e decidir sobre o que você pode ler, assistir ou até mesmo rir.

A Ministra dos direitos humanos, Maria do Rosário também quer proibir caricaturas não autorizadas e tirar do ar um BLOG de humor, alegando que ele propaga noticias falsas. Mas é JUSTAMENTE POR ISSO que ele é um BLOG de humor. O que deveria ser retirado é um cromossomo a mais no DNA da ministra, pois claramente seu nível de raciocínio está abaixo do normal.

Deixem me explicar para os leigos em humor. Assim como aprendemos no português da escola que uma frase é composta por sujeito, verbo e predicado. A piada tem uma estrutura e a principal característica de uma piada é a presença da chamada “distorção cômica”.

O William Boner não pode falar: “Encontraram 10 japoneses que estavam desaparecidos em Fukushima. Parece que por causa da radiação eles estão brilhando no escuro, então está mais fácil”.

Mas porque ele não pode e um comediante pode? Porque é uma piada.
JORNALISTA = DA NOTÍCIAS
COMEDIANTE = CONTA PIADAS
MUSICO = CANTA OU TOCA MUSICAS
PADEIRO = FAZ PÃO
IMBECIL = SE OFENDE COM TUDO (isso foi uma piada para criticar a postura de algumas pessoas. Porque foi uma piada? Porque não existe a profissão de imbecil)

O jornalista pode fazer uma piada durante sua vida pessoal, assim como os comediantes também falam sério em algum momento. Mas este momento não deve ser no palco.

Quando digo:

“Não entendo negão que faz tatuagem?! É o mesmo que riscar um Avatar de caneta BIC”. (PIADA)

Não estou querendo dizer que o negro é tão inferior ao branco que nem se tatuar ele pode. Estou apenas fazendo uma PIADA com o fato de que tatuagens aparecem menos na cor negra do que na cor branca.

Se eu falar: Acho ridículo negro com tatuagem, nem da pra ver direito.

Isso não é uma piada, é apenas um comentário, não necessariamente pejorativo.
A mesma pessoa que disse isso pode achar ridículo um branco com a cabeça raspada. Isso não quer dizer que o formato do crânio dos brancos é tão feio que deve ser ocultado com cabelos.

Quando Tata Werneck disse no programa Amor e Sexo: se um amigo meu fosse alvo de bullying eu ia acalmar a galera pra não zoar ele... E mudar o foco pra um judeu.

CLARAMENTE É UMA PIADA. Tata diz que vai acalmar a galera... dando a impressão que está contra o bullying, mas no final distorce a realidade ao falar que vai mudar o foco pra um judeu. Se ela falasse:

“Se o meu amigo fosse judeu, tinha mais é que sofrer bullying mesmo.” isso não é uma piada. Não tem distorção cômica. Para mim isso seria um comentário infeliz e desnecessário.

Vejamos a triste doadora de leite e Danilo Gentili

A piada foi: “...ela doou mais de 300 litros. Em termos de doação de leite esta quase alcançando o kid bengala.”

A comparação é uma figura de linguagem tipicamente utilizada para criar distorções cômicas.

Até o famoso caso de Rafinha Bastos, também CLARAMENTE era um piada: “ela está muito bonita, comeria ela e o bebê”. A piada na verdade elogiava a aparência da cantora. Talvez em forma de poesia não desse problema algum:

A menina amadurece
Ela carrega vida no ventre
E mesmo sem a silhueta de antes
Desperta nos homens desejo ardente

A PIADA tem que poder ser feita, seja ela sobre relacionamentos, alcoolismo, animais de estimação, acidentes da natureza, guerras, espionagem, desvio de verbas, compras no mercado, gordos em academia...

Se existem musicas, poesias, filmes, fotografias, enfim diversas formas de arte abordando esses temas, porque o humor deve ser excluído?!
E... Será que apenas o humor que vai ser excluído?! A literatura já está sofrendo censura.

Neste passo, dentro de um tempo os médicos cubanos vão pensar: “Aún estamos em Cuba?!” (Ainda estamos em Cuba?!)

Se essa censura aumentar vou lutar até onde puder. Se não tiver mais jeito espero poder fazer como grandes artistas perseguidos pela ditadura, como o grande Caetano ou Gilberto Gil. Espero poder me exilar ‘tristemente’ em Londres e viajar toda a Europa fazendo shows. Anos mais tarde retornar ao Brasil, mostrar a intimidade na revista CARAS e depois proibir que alguém escreva algo sobre minha pessoa. (isso foi uma ironia, outra figura de linguagem comum na comédia)

Veja bem, não quero que todo mundo goste do que eu falo. Espero que as pessoas formulem sua própria opinião a respeito. Mas um povo pensante é mais difícil de ser dominado. Por isso estão impondo limites. O povo está virando um gado criado em confinamento, abaixando a cabeça para tudo... quando será o abate?


FONTE: https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=545197152223860&id=177922092284703

O Humor Deve Ter Limites? (Octavio Caruso)

por Octavio CarusoOctavio Caruso

Cada comediante possui suas limitações, seu próprio estilo e seus critérios. Quanto mais inteligente e culto é um povo, menos importância ele dá às piadas de um comediante. Até mesmo o humor grosseiro deve ter espaço na comédia. Sendo bem sincero, até piadas sem graça alguma devem ter espaço na comédia. Se uma pessoa na “plateia” acha graça, ela já valeu a pena. O comediante não é um político, não é um rei com responsabilidades, mas sim o bobo da corte, responsável por desestruturar sistemas, expor falácias com contundência ou apenas apontar debochadamente o dedo para a peruca que teima em não se manter na cabeça de um cidadão. Da piada dos tomates atravessando a rua, passando pelos monólogos elaborados em que o alvo é a política, até Andy Kaufman imobilizando uma dona de casa em um ringue, tudo é válido. Quando um povo se sente regularmente ofendido por comediantes profissionais, você pode ter certeza que o nível de interpretação de texto e cultura geral é muito baixo. E o Brasil é o penúltimo no ranking da educação mundial.
Piada de mau gosto é pagar impostos e não ver melhorias em nenhum setor. Os políticos são pagos por nós e precisam ser levados a sério. O comediante que pensa duas vezes antes de abrir a boca, simplesmente não está exercendo sua função na sociedade. Nessa sociedade de valores invertidos, celebramos aquele que processa o comediante, aquele que busca receber uma grana alta que, teoricamente, pagará sua dignidade ferida, quando o mais lógico seria repensarmos seriamente essa cultura medíocre em que estamos inseridos, onde todo mundo se acha no direito de censurar outrem, mas ao mesmo tempo condena publicamente qualquer forma de censura. Hoje em dia no Brasil, um roteirista de qualquer formato precisa analisar calmamente quais sindicatos poderão se sentir ofendidos em seu texto, resultando em trabalhos chatos, miseravelmente comportados.
Existe um estilo de humor cuja característica é a ofensa gratuita (explorando estereótipos) direcionada aos membros da plateia. Grandes nomes como Don Rickles e Carlos Mencia abordam agressivamente temas espinhosos, como racismo, classes sociais e sexualidade. Os americanos sabem que eles são comediantes, então inteligentemente direcionam sua revolta para os membros da sociedade cuja seriedade realmente deve ser cobrada. Eles podem achar graça ou não, indicar ou não a apresentação para os amigos, mas com certeza não processam o humorista ou demonizam ele no Facebook. Isso é coisa de brasileiro preguiçoso, que adora afirmar certezas envoltas em erros ortográficos, normalmente sobre assuntos que não domina.
Comediante no Brasil usualmente se torna sinônimo de bandido, mau caráter. Danilo Gentili e Rafinha Bastos normalmente são os mais citados, sempre que o tema volta à baila. O mais comum é ler comentários exaltados de pessoas que os chamam de “cafajestes”, “babacas” e “canalhas”, dizendo que eles “precisam ser processados para aprenderem a respeitar os outros”. E sabe o que é mais curioso? Essas pessoas com certeza utilizam o humor de forma muito mais agressiva em suas casas, nas reuniões com amigos, praticando racismo e homofobia velados, mas aproveitam essas situações para (a psicologia comportamental explica) extravasar o extremo oposto. Como se a expressão pública de repúdio os purificasse (aos olhos dos outros) de seus próprios preconceitos e atos grosseiros diários. De certa forma, trata-se de uma vertente do que ocorre com aqueles que acusam o videogame de trazer a violência para suas casas.
Você pode exercer livremente sua opinião e acusar o comediante de não ter um bom timing, não ser eficiente naquilo que ele se propôs a fazer, mas até para os incompetentes deve existir espaço no humor. A maioria dos grandes comediantes não demonstrava em seus primeiros anos o real potencial de seus talentos. Querer transformar um comediante ruim em um mau caráter é um grande absurdo. Você não é obrigado a assistir suas apresentações, mas querer demonizá-lo como um pária na sociedade é um exercício de estupidez tremenda. Não se engane quando ler textos abrasivos onde o escritor procura enfatizar a mediocridade de um comediante popular (com ataques “ad hominem”), pois quase sempre é um ato que nasce de alguma variação da inveja. Querer tratar um estilo de humor profissional agressivo como Bullying, como ocorre nesses casos, é demonstrar ignorância acerca de ambos os temas. Caso fosse certa essa lógica torta, o já citado Andy Kaufman teria sido condenado à prisão perpétua e os membros do Monty Python teriam sido conduzidos direto à cadeira elétrica. Imagine “South Park”, “Simpsons”, “Borat”, George Carlin, Jimmy Carr, Al Murray, Bill Maher, Lenny Bruce e tantos outros ótimos exemplos, limitando seu humor com medo de ofender alguém. O que teríamos? Analisem o humor chato/comportado de Renato Aragão hoje e comparem com o maravilhoso humor politicamente incorreto realizado pelos “Trapalhões” décadas atrás.
Seja a agressão elegante (como fazia Chico Anysio e tantos outros) ou a excessivamente grosseira, ambas fazem parte da história da comédia mundial. O argumento de alguns afirma que o que não pode é humor sem graça. Querer definir o que “tem graça” é impossível. Um paralítico pode passar o dia fazendo graça de sua limitação física e achar o máximo quando um amigo não o trata com pena e entra na brincadeira. Qual o parâmetro que será utilizado quando o paralítico não se sente ofendido com uma piada de um comediante sobre sua limitação física? Existem comediantes anões e cegos, cujas apresentações são basicamente estruturadas no “rir de si mesmo”. Existem comediantes negros que passam apresentações inteiras debochando dos brancos. Existem comediantes brancos que passam apresentações inteiras debochando dos negros. Como definir o critério do que “tem graça”? É comédia, não é algo a ser levado a sério. Um conceito simples, mas que parece impossível de entrar na cabeça de grande parte dos brasileiros. O vizinho faz uma piada grosseira sobre a sua filha, você pode se ofender. Mas se ofender com um comediante profissional? Isso até acontece em outros países, mas levando em consideração a quantidade muito maior de comediantes estrangeiros, estatisticamente pode se dizer que são eventos raros. No Brasil, toda semana aparece nos jornais alguém processando um comediante. Isso sim é uma piada tremendamente sem graça…

Octavio Caruso – Ator, Escritor e Crítico de Cinema
Site: www.devotudoaocinema.com.br
Facebook: https://www.facebook.com/cinema.octaviocaruso

FONTE: http://www.annaramalho.com.br/news/amigos-da-anna/octavio-caruso/18821-humor-limites.html

Danilo Gentili e a amamentação: se a patrulha não agüenta, que beba leite. (Flávio Morgenstern)


2 de novembro de 2013

Danilo Gentili e a amamentação: se a patrulha não agüenta, que beba leite.

Danilo Gentili se tornou alvo da patrulha graças a uma piada. Não se junte à patrulha: hoje foi o Gentili. Amanhã poderá ser você.

danilo gentili macaco 338x338 Danilo Gentili e a amamentação: se a patrulha não agüenta, que beba leite.
“O pior governo é o mais moral. Um governo composto de cínicos é frequentemente mais tolerante
e humano. Mas, quando os fanáticos tomam o poder, não há limite para a opressão.”
― H. L. Mencken
Danilo Gentili fez uma piada com a maior doadora de leite materno do Brasil: “Em termos de doação de leite, ela está quase alcançando o Kid Bengala”. Gentili não comparou a honrada mulher ao famoso ator pornô, e sim a quantidade de suas doações de leite (cada qual com um sentido).
Marcelo Mansfield, colega de palco de Gentili, prosseguiu: “Aquilo não é uma espanhola, é uma América Latina inteira”, referindo-se à posição sexual. Algumas mulheres tomariam como elogio.
A doadora, a técnica de enfermagem pernambucana Michele Rafaela Maximino, 31, está agora processando Gentili e exigindo R$ 1 milhão por danos morais. Alega que está sendo humilhada em público, com comparações com animais famosos por seus dotes lactantes. Ouve xingamentos ao invés de ser parabenizada por seu trabalho. Michele dirigia 80 km até Caruaru para doar o leite a uma maternidade.
Michele pode se defender da forma que achar melhor se não gostou da piada. Dificilmente parece ser lícito, todavia, culpar um programa de TV pelo comportamento de imbecis a seu redor. Faz muito mais sentido culpar os imbecis. Se formos francos, todos estamos cercados de imbecis, cuja imbecilidade grassou e floresceu assistindo certos programas de TV (alguns até com intuitos educativos). Seria sensato, por exemplo, pedir uma participação no programa, mostrar o seu trabalho. Até o Marco Feliciano fez isso e conseguiu parecer mais humano.
nanny state Danilo Gentili e a amamentação: se a patrulha não agüenta, que beba leite.Mas a militância de sempre fisgou o momento para vender o seu peixe. E o seu peixe é a agenda de sempre da esquerda: fortalecer o Estado, colocar o máximo possível dentro do Estado, para o Estado e impedir que algo seja contra o Estado. A fórmula é conhecida dos totalitarismos do séc. XX, que querem repetir no séc. XXI.
Para o Estado controlar toda a sociedade, a sociedade precisa sentir falta de um controle absolutamente completo da vida privada – controle que chega até aos discursos, e mesmo às consciências individuais, que passam a ser regidos pela autoridade coletiva, consubstanciada no poderio estatal. É por isso que hoje não temos mais o risco de um autoritarismo, e sim de um totalitarismo. Todos querem um Estado-Babá que tenha poder de punir os adversários, e proteger os seus cupinchas. Com cotas, “incentivos”, programas públicos ou, claro, dinheiro e poder político.
Para tal, nada mais útil do que os controladores das pessoas dizerem que elas precisam de protetores. Que precisam de um poder concentrado para impedir que sejam agredidas, exploradas, maltratadas – até mesmo ofendidas. O direito a se dizer o que se quer, não importando se vai doer em alguém, é revogado, em troca do centralismo estatal. Eles passam a decidir o que se pode e o que não se pode dizer. É por isso que o totalitarismo é total: não permite sequer que se pense algo contrário ao moralismo oficial.
O primeiro passo, é claro, é politizar as sensibilidades, e fomentar uma hipersensibilidade brutal a qualquer coisa. Ninguém mais entende uma piada como uma piada – e sim como “continuação de preconceitos ancestrais” ou mesmo “cultura de estupro” ou coisas do tipo. Naturalmente, o alvo primordial é o humor.
Algumas pessoas acharam justo. Muitas que não gostam de Danilo Gentili aplaudiram o fato de verem um desafeto tendo problemas com a Justiça. Lembra muito o poema de Martin Niemöller:
“Primeiro vieram buscar os judeus e eu não me incomodei porque não era judeu.
Depois levaram os comunistas e eu também não me importei, pois não era comunista.
Levaram os liberais e também encolhi os ombros. Nunca fui liberal.
Em seguida os católicos, mas eu era protestante.
Quando me vieram buscar já não havia ninguém para me defender…”
KGB psiu 300x178 Danilo Gentili e a amamentação: se a patrulha não agüenta, que beba leite.As pessoas podem não gostar de Danilo Gentili. É um erro fatal, todavia, querer prejudicá-lo na primeira oportunidade, dando jurisprudência para que centralizadores tenham mais poder sobre nossa expressão. Imaginemo-nos sem o sagrado direito ao mau gosto. Isso é favorecer aquela patrulha assumida, que quer regulamentar piadas, internet, fazer o “controle social da mídia” (até o título que utilizam já é um eufemismo regulamentado) e que, ao contrário de desafetos solitários de Gentili, tem uma agenda política (e mesmo partidária) clara e construída – funcionando como uma KGB virtual, uma Stasi do humor, uma Securitate da hipersensibilidade, uma Tcheka das minorias, uma Milítsia que visa só prejudicar os seus inimigos.
Todo totalitário odeia o humor, por um fator simples: o humor tira sarro do que dá errado e do que é francamente ridículo. Nossos esquerdistas não poderiam deixar de ser as pessoas mais empenhadas em combater o humor. A sátira política é a primeira coisa proibida por quem quer se levar a sério em seu trabalho de corrigir a humanidade como Procrustes, o batedor grego que cortava ou esticava as pessoas para caberem numa tábua padronizada. Stalin ou Hitler odiariam piadas envolvendo seus projetos de poder.

A comédia divina

“Bom gosto e humor são uma contradição em termos, como uma prostituta casta.”
— Malcolm Muggeridge
A comédia surge em Atenas nos festivais dedicados ao teatro. Se nas tragédias eram encenadas peças vigorosas com personagens lendários (a única peça grega com personagens históricos – e, por sinal, bem pouco airosa com os gregos – é Os Persas, de Ésquilo), as comédias tiravam sarro dos próprios deuses no principal evento religioso de uma cidade que punia o ateísmo com a morte.
vida de brian 300x203 Danilo Gentili e a amamentação: se a patrulha não agüenta, que beba leite.Mas o principal da comédia grega é que ela também costumava retratar os próprios habitantes da cidade. E não como tipos, estereótipos ou referências: seus nomes eram formalmente citados pelos atores, apontados e indigitados no palco, para serem ridicularizados diante de todos os cidadãos da pólis. Mesmo figuras de renome milenar como Sócrates não deixaram de ser escarnecidas, como na comédia As Nuvens, de Aristófanes. Com um detalhe crucial: essas peças foram originalmente escritas para serem encenadas apenas uma vez, em um evento que reunia toda a cidade; É como se Shakespeare tivesse escrito Hamlet para ser vista apenas uma vez pela humanidade. Ou seja, a comédia foi escrita para que o próprio Sócrates em pessoa estivesse na platéia vendo seu pensamento ser ridicularizado.
A comédia, portanto, purgava a cidade (não à toa, era apresentada por último), e mostrava o ridículo que é não agir como se deve agir – e mostrando como é fraca uma vida longe da correção. Todavia, não era a moral de Estado, a moral da hipersensibilidade da maioria e a moral dos inimigos selecionados da correção política: era justamente a demonstração pública do que é a hipocrisia dos habitantes, sua feiúra e sua covardia, sua malevolência e sua burrice, expostas para todos perceberem, e delas escarnecerem.
Ao contrário do que nossas mentes condicionadas pensam, a comédia não era para “atacar o poderoso” e “proteger o oprimido”. Pelo contrário: nessa mesma As Nuvens, vemos atores interrompendo um diálogo para apontar para vários habitantes escolhidos a esmo da cidade dizendo que vêm ali alguém que tem o que, numa tradição extremamente eufemística do grego, seria um “ânus alargado” para caber bastante idéias. Parece que eles falavam dos nossos blogueiros progressistas.
Será que Aristófanes receberia alguma multa no Brasil, ao invés de ajudar a fundar a cultura ocidental, a única que até nasce se auto-questionando e sabendo rir de si própria?
Note-se que não é apenas rir de si próprio, e sim rir da platéia. Não era o humor pausterizado que a patrulha do que pode e do que não pode quer nos permitir hoje – o humor anódino, o humor comedido, o humor nádegas, o humor bem comportado, o humor funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
auto da barca do inferno 300x222 Danilo Gentili e a amamentação: se a patrulha não agüenta, que beba leite.Era humor visceral, sanguinolento, cruel como humor tem de ser, e que, tal como a tragédia, não queria proteger o espectador, mas incomodá-lo com o que acontece quando não se age bem. Aliás, toda a literatura é feita para o leitor se sentir mal – literatura para se sentir bem é auto-ajuda. Ninguém pode se sentir bem lendo Crime e CastigoO ProcessoParaíso Perdido ou A Divina Comédia. Ninguém se sente o melhor ser humano do mundo e o queridinho da mamãe, o tesouro da dona Florinda, o mais amado e o mais bacana com esses livros. Nenhuma comédia foi feita para isso. Ou alguém se sentiu encaminhado aos céus com o Auto da Barca do Inferno?
E depois da comédia romana, em que de estrangeiros e escravos a aristocratas e até deuses são sacaneados, veio a commedia dell’arte mostrando tanto a hipocrisia da nobreza quanto a falta de senso moral (que impedia sua própria ascensão econômica) dos plebeus. Ou Moliére. Ou as cantigas de mal-dizer. Ou os gênios supremos da sátira Jonathan Swift e Samuel Johnson, que retratam cada cidadão das Ilhas Britânicas como glutões e indignos.

Os totalitários odeiam piadas

“Existem três tipos de tiranos: o tirano do corpo, o tirano da alma e o tirano do corpo e da alma. O do corpo chama-se rei, o da alma chama-se padre. E o do corpo e da alma chama-se povo.”
— Oscar Wilde
É Swift e sua tradição de sátira mordaz, ácida e impiedosa que antevê o futuro Estado policial e sua eterna busca por espiões e traidores da pátria, prevendo como seria a vida na União Soviética e nos Estados socialistas e fascistas em pelo menos 2 séculos. Não é à toa que a esquerda e seu socialismo odeiam o humor e buscam “espiões” o tempo todo. Ou, em versão moderna, os blogueiros progressistas e o “politicamente correto” (que nunca se admite como tal, apenas denuncia quem é “politicamente incorreto”), criticando os humoristas “preconceituosos” contra o seu projeto de Estado-Babá.
Nas “Viagens de Gulliver” de Swift vemos um professor da Escola de Planejadores Políticos criando mecanismos para descobrir complôs e conspirações lendo o pensamento secreto das pessoas (seus “preconceitos”) através da análise de seus excrementos, “porque os homens nunca são tão sérios, pensativos e concentrados como quando estão na privada”. A igualdade objetivada pela esquerda abole a individualidade de cada um, e os planejadores tentam fazê-lo extraindo parte do cérebro de um homem e enxertando-a na cabeça de outro.
Como George Orwell bem entende Swift, “um dos objetivos do totalitarismo não é apenas se certificar de que as pessoas pensarão pensamentos corretos, mas na verdade torná-las menos conscientes”. Afinal, há sempre uma tendência totalitária em quem quer patrulhar discursos ao invés de se preocupar apenas com leis que envolvam agressão (em verdade, são os primeiros a terem um discurso para justificar agressões, no velho discurso da esquerda que gosta tanto de bandidos). Orwell sabe que:
Numa sociedade sem lei e, em teoria, sem compulsão, o único árbitro do comportamento é a opinião pública. Mas a opinião pública, devido à tremenda necessidade de conformidade dos animais gregários, é menos tolerante do que qualquer sistema de leis. Quando seres humanos são governados por “não poderás”, o indivíduo pode praticar certa quantidade de excentricidades: quando supostamente governado pelo “amor” ou pela “razão”, acha-se sujeito a uma pressão contínua para se comportar e pensar exatamente como todo mundo.
Pergunte a algum judeu sobre como era ser julgado por uma Alemanha dominada por nazistas.
Gulliver 300x262 Danilo Gentili e a amamentação: se a patrulha não agüenta, que beba leite.
Na última viagem de Gulliver, o país dos eqüinos houyhnhnms, ficamos sabendo que eles “eram unânimes em quase todos os assuntos. A única questão que discutiam era como lidar com os yahoos”, seus inimigos. São iguaizinhos os politicamente corretos de hoje, idênticos em tudo, nunca discordando de nada, e só tendo como assunto possível o que fazer com os “reacionários” – os únicos existentes que ainda impedem o “estágio mais avançado da organização totalitária, o estágio em que a conformidade se torna tão generalizada que não há necessidade de uma força policial”.
Este discurso patrulhador tem sempre uma base que se acha “racional”, e por isso se considera a verdade, que pode julgar os outros apenas tachando-os de “obscurantistas” ou “preconceituosos”. Ou como resume maravilhosamente Orwell, se “já conhecemos tudo, então por que tolerar opiniões divergentes?”
O que essa polícia política dos pensamentos busca é o humor unidirecional. É famosa noção moralista de Henfil, de que só é permitido rir do “opressor”. É uma chave de interpretação da realidade fraca e, justamente por isso, pedante. É uma dicotomia boba acreditar que a humanidade se divide estanquemente entre opressores e oprimidos: um motoboy consegue passar de um para outro umas 50 vezes em uma única avenida.
Quando o “oprimido” pega em armas e assalta o “opressor”, aí pode fazer piada? Quando um pobre fica famoso, o rico desconhecido pode caçoar? Não existe esse humor unidirecional focado em “peixes grandes”. O que se busca no Brasil (cuja tradição de humor, ao contrário de países amantes da liberdade como a Inglaterra e a América, é semi-nula) é o humor confortável. O humor que mantém o espectador feliz, em que o “humorista” diz: “Você, espectador, observe como eu tiro sarro dele” – e seguem piadas com celebridades, jogadores de futebol e políticos. Com as exceções. Até tirar sarro de políticos, nesse humor anódino, sem sal nem açúcar, é uma atitude conformista, boba e inútil. O espectador permanece confortável, como se lesse um livro de auto-ajuda. Ele é o maioral, com ele está tudo certo. Spoiler: não está. Não se sinta bem. Olhe bem para o lixo que você é.
O humorista no Brasil não tem capacidade de rir de si próprio. A platéia morre de medo de ser confrontada com o ridículo de sua própria situação – ou mesmo quando ela é engraçada sem que haja nada desabonador em sua condição (se a moça entrasse no Guiness por sua doação de leite sem que Danilo Gentili fizesse piada, não iriam rir dela da mesma forma?).
Pior é acreditar que há liberdade e vantagem no humor unidirecional (ou seja, humor com fins político-partidários). Enquanto essas mal-traçadas são escritas, um humorista irlandês no Comedy Central comenta como reclamamos à toa da vida, quando ele viu gêmeos siameses na rua: “Imagine dois irlandeses tendo de compartilhar o mesmo fígado”. Isso renderia quantos milhões de indenização nessa nossa terra totalitária e viciada em Estado-Babá? E o que se diria de Louis C. K. falando sobre as vantagens de ser branco, mesmo esclarecendo que não é nada meritório, é apenas vantajoso? (mesmo justamente para dizer que, sendo branco, sua vida é muito mais fácil)
Você pode não controlar o seu destino. Mas pode rir dele. É uma lição que a esquerda nunca entenderá. Estes cafetões de minorias querem encontrar a vítima perfeita para poderem defendê-la. O que também permite momentos hilários, como o professor da ESALQ-USP que mandou uma carta para a Folha reclamando de uma charge que mostrava um adolescente indo aos protestos depois de ter brócolis para comer. “Essa charge é um enorme desestímulo para o consumo de hortaliças no país, que é de apenas 130 g por habitante/dia, enquanto a OMS recomenda 400 g”, disse o professor. Eu sei que corro o risco de tomar um processo e ferir o sentimento de muitas hortaliças Brasil afora, mas cometerei um ato subversivo ao extremo: eu odeio brócolis. Essa minoria de vândalos. Hortaliças, eu vos desprezo. Vocês pra mim não chegam aos pés do bacon.
Existe ainda um motivo gigantesco para o totalitário odiar qualquer piada, sempre protegendo a vítima escolhendo quem será o algoz: a piada permite a ironia, que significa dizer uma coisa com o significado exatamente oposto. A comédia grega tem desde a ironia socrática até a bobageira dos Trapalhões, desde a fina mentira interior machadiana até o nonsense do Monty Python.
orwell1984 Danilo Gentili e a amamentação: se a patrulha não agüenta, que beba leite.A ironia impede que o discurso seja unívoco, que se controle o que as pessoas pensam, que haja espaço para dúvida. A novilíngua que Orwell descreve em 1984 é justamente uma língua criada para que não se possa falar mal do grande plano totalitário, em que todos são felizes porque o Estado garante a felicidade. Não à toa que os discursos de um totalitário como Fidel Castro são chatos e cheios de lugares-comuns, repetição ad nauseam de conclamação à luta e culpa dos “inimigos” (americanos, espiões, embargo, imperialismo – sem notar uma contradição entre estes últimos). Já os discursos de um “reacionário” como Ronald Reagan eram piada atrás de piada. É possível imaginar Trotsky, Hitler, Lenin, Mao, Mussolini, Stalin, Pol-Pot ou outros totalitários rindo de si próprios?
Ora, afirmar sobre a doadora de leite materno que “isto não é uma espanhola, é uma América Latina inteira” pode ser o que todo ser humano conhece como uma cantada escrota. Aquilo que é tanto uma frase baixa quanto um elogio, ao mesmo tempo. Isso o totalitário odeia. E força a hipersensibilidade, para apenas dizer que é ofensivo à opinião pública, que deve ser unívoca, livre de ironia e de um espaço feliz, sem necessidade de encontrar protetores e ofensores.
Se Gentili, ao invés de comparar a quantidade de sua doação de leite com a de Kid Bengala, tivesse dito que ela é um Ronaldinho dos negócios de doação de leite, seria ofensivo? E se fosse com o Eike Batista? Aí já seria ruim? Como determinar quem pode e quem não pode, o que é “peixe grande” e quem é “oprimido”, quem é famoso e quem não é? (Escrever na internet torna alguém famoso?)
Claro, esses totalitários querem apenas fazer a animalização da linguagem para, tal como cães cheirando as partes íntimas uns dos outros, determinar quem é da matilha e quem é de fora – os inimigos, julgados não por leis, mas pela opinião pública. Nenhum deles reclamará de uma piada, a mais mordaz e mesmo ameaçadora, feita contra o próprio Danilo Gentili, ou Reinaldo Azevedo, ou Rodrigo Constantino, ou Olavo de Carvalho, ou qualquer um que “não seja da minoria” (mesmo que, numericamente, sejam uma minoria minúscula).
Quando Bill Maher comentou com um sorriso enorme nos lábios o caso de um louco que entrou atirando em uma instalação do Exército, matando 7 oficiais pais de família, e apertou os olhos dizendo: “Nessas horas, nos perguntamos: por que não foi na casa de Glenn Beck?”, ninguém dessa patrulha que se ofende com uma piada sobre amamentação chiou. Mas experimente fazer o mesmo com uma feminista, um esquerdista, um ativista dos movimentos LGBT ou negro (que, como se vê, têm menos de 10% de preocupação com negros, 90% com controle).
A Stasi do humor
“Se esquerdistas gostam, é subsidiado; se não gostam, é proibido.”
— Ann Coulter
Alex Castro escreveu uma carta aberta aos humoristas, pedindo (ou “desafiando”), em suma, que eles não façam piadas com mulheres, negros e gays, porque estes três grupos (os escolhidos da vez) podem morrer mais facilmente com piadas (sim, isto é sério). Segundo ele, piadistas são cúmplices de assassinatos. A feminista Lola Aronovich, seguindo o encalço, classificou que todos os libertários são “reaças” que não querem se assumir como são (inventando conceitos de sua própria cabeça, como uma suposta divisão entre liberalslibertarians na América, ou afirmando que são todos brancos do Tea Party, num “argumento” extremamente racista).
Castro dispara: “Se é pra sacanear alguém, sacaneie os poderosos, e não os subalternos”. É novamente a chave opressor-oprimido. Na verdade, é uma linguagem marxista até o último furúnculo pregando a luta de classes (poderosos x subalternos), mas que não tem coragem de assumir o que é: comunista. Estranho que a feminista Lola Aronovich, assumidamente de extrema-esquerda, com o perdão da redundância, diz que são os “reaças” que não têm coragem de se assumir como “reaças”, se é gente como Lola Aronovich que nunca assume o que é: comunista.
Comunista como Pol-Pot. Comunista como Stalin. Comunista como Mao. Comunistas, aqueles que mataram, na mais heterodoxa das contas, 7 pessoas para cada pessoa que os nazistas mataram. O que há de bom a se falar dos comunistas? Eles mataram mais do que os nazistas. Apenas, ao contrário destes últimos, aprenderam a falar com eufemismos.
Mas Lola acha que os reacionários, aqueles que eram jurados de morte pelos nazistas e pelos comunistas, é que são o atraso. São “nojentões”. Eles é que têm vergonha de se admitir reaças. Uma tese que difícil de comprar enquanto Lola não se admitir comunista como Pol-Pot.
Totalitários como Lola Aronovich e Alex Castro só aceitariam um humor que “não representasse uma ameaça ao público ou à sua visão de mundo”. O humor nádegas, o humor anódino, o humor funcionário público. É a consubstanciação do humor unidirecional: só vale piada com quem Castro e Aronovich não vão com a cara. Com o resto fica proibido. Tudo dividido entre quem eles chamam de “opressor” a seu bel-prazer, e quem chamam de “oprimido” conforme reze ou não pela sua cartilha política.
Mesmo que precisem se contradizer, o que importa é sempre delimitar onde está o grupo deles (os bacanas, os boas praças, os progressistas, os batutinhas, os sou-de-esquerda-mas-não-sou-comunista) e os inimigos (os reacionários, os preconceituosos, os ultraconservadores, os obscurantistas, os atrasados).
Por exemplo, se é para “defender” a maior doadora de leite materno do país, Lola a chama de heroína e diz que ela salva vidas. Não importa que no mesmo texto defenda o aborto sem querer discutir se um feto é uma vida ou não: aí passa-se automaticamente a entender que “salvar vidas” só vale para quem está contra Gentili, e as mesmas vidas que podem vir a precisar do leite de Michele não podem nem ter seu status discutido: não são vidas e, se forem, que morram às mancheias, porque devemos legalizar o direito de assassiná-las em massa. Lola, a pro life de primeira viagem.
HOJE a esquerda defende liberação das drogas. E é por um motivo político bem especifico que nada tem a ver com LIBERDADE (nem de mercado, nem individual). HOJE a esquerda defende direitos homossexuais. E por um motivo político bem especifico que nada tem a ver com liberdade. Até ontem eles fuzilavam homossexuais em Cuba, na União Soviética, etc. Não sejam inocentes. Todos os caminhos da esquerda levam a centralização do Estado. Se eles precisarem pegar carona no discurso da liberdade pra isso, eles farão. Liberdade de culto, de mercado, individual não são valores da Esquerda, pelo contrário! (…) Eles são combativos com várias liberdades individuais e qualquer experiência histórica que tentou implementar tal visão terminou em desgraça. Um autor liberal não precisa dizer que é de direita para se posicionar contra a esquerda. Basta dizer que é a favor da liberdade.
Já Alex Castro em sua carta aberta é mais claro em dividir as pessoas não pelo que elas têm em sua cabeça, pelos seus atos ou por seus méritos: só importa cor de pele, parceiro sexual e gênero. E se zoarmos a ruindade estética, ética e mesmo ontológica que é Alex Castro? Somos opressores ou oprimidos? Alex Castro escreve muito mal. Qual o limite do humor quando se zoa deficientes profissionais de uma posição muito superior na cadeia alimentar? Diz ele:
“Dez mulheres são assassinadas por dia no Brasil, colocando-o no 12º lugar no ranking mundial de homicídios contra a mulher. Uma em cada cinco mulheres já sofreu violência de parte de um homem, em 80% dos casos o seu próprio parceiro.”
Caso curioso. O Brasil é campeão de assassinatos no mundo (mais de 50 mil homicídios dolosos por ano). O Brasil segue a cartilha esquerdista de combate ao crime: não pune nem 3% dos crimes de sangue. A principal vítima dos crimes são homens entre 15 e 35 anos. Para cada 9 homens assassinados, há apenas UMA mulher.
suzane 231x300 Danilo Gentili e a amamentação: se a patrulha não agüenta, que beba leite.Como fica então o caso de uma mulher, branca e rica, com discurso esquerdista, falando de violência? Um homem não pode se ofender mortalmente com essa criatura ditando regras sobre segurança pública e o SEU (dela) papel de vítima? Certamente que não. Pela chave biconceitual de nossos esquerdistas (que nunca pensaram que o mundo possui mais do que 2 conceitos, do contrário não seriam esquerdistas), se analisamos um homem e uma mulher, a mulher é sempre a vítima. Afinal, somos o “12º lugar no ranking mundial de homicídios contra a mulher”. Só “se esquecendo” de que somos o PRIMEIRO LUGAR NO RANKING MUNDIAL DE HOMICÍDIOS CONTRA O HOMEM.
Fazer piada com o estereótipo de que todo esquerdista é asnaticamente pereba em matemática pode?
Alex Castro nos dá a resposta: “Riu? É, mas não tem graça. A solução está na mão dos homens.” Sabe o que não tem graça, Castrinho? O quanto a esquerda (incluindo os irmãos Castro em quem você se inspira) matou no mundo. Por isso livros como Arquipélago Gulag são tão pouco engraçados. E por isso nós, os “reaças”, estamos preparados para um mundo no qual sempre estaremos desconfortáveis com tanta baixeza moral vinda de nossos adversários.
Mas são profundos esses analistas moralistas ditadores do que devemos ou não fazer. Castro culpa não uma porcaria de um assassino, e sim uma “cultura machista” que mata mulheres. Ou seja, não existem assassinos e não-assassinos: existe uma “cultura machista” que mata através de assassinos particulares. E, lógico, os humoristas estão “reforçando” esse risco que atinge “as mulheres” – afinal, homens não são vítimas de nada, no Fantástico Mundo da Imaginação da Esquerda:
“Se você faz piadas que confirmam os lugares-comuns dessa cultura machista, que objetificam a mulher, que estigmatizam seu comportamento sexual, então você possibilita e reforça essa cultura assassina.
Você é cúmplice.”
Tão cúmplice que, ao contrário dos esquerdistas, quero punição a qualquer agressor, não só aos agressores dos meus amigos, e aos inimigos que vão pro inferno.
Basta lembrar de como agem os esquerdistas tão amáveis ao Alex Castro (essa turminha que acha ofensivo e manda apagar se você faz uma piadinha com o tamanho do peito de uma mulher, e acha que isso faz parte da “cultura machista”, a mesma de quem espanca, estupra e mata mulheres por aí).
O Zé Oswaldo lembrou disso em sua página. Em 2013 um PM desastrado acidentalmente matou um jovem da zona norte durante um enquadro, e em retaliação fecharam acessos de estradas, saquearam e destruíram caminhões de carga.
Já em 2011 um aluno da USP foi morto no estacionamento durante um assalto motivado por drogas por um morador da favela São Remo. Os esquerdistas que dominam as instituições políticas daquela Universidade não saquearam a comunidade nem fecharam as ruas de acesso.
Na verdade, como também lembramos aqui, no dia seguinte a seu assassinato, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP acordou com uma enorme faixa conclamando a todos para a Marcha da Maconha. Nem uma palavra sobre um ser humano assassinado num estacionamento do outro lado da rua.
tweet flavio 300x182 Danilo Gentili e a amamentação: se a patrulha não agüenta, que beba leite.
Aliás, é notável ver a explicação castreana para as vítimas dos homicídios serem negros (sem nunca cotejar os dados, que ele mesmo passa, com os dados de violência contra a mulher): claro, se negros morrem, é por racismo. Nunca Castro pergunta se quem mata são brancos, se os motivos são racistas, se está acontecendo uma guerra racial no Brasil que mate 12 vezes mais negros do que homens.
Os fatos são chocantemente óbvios para qualquer um que já viu pobre de perto, e não em livro de sociologia vagabunda: se existe uma cultura de violência, ela não é racial, nem de gênero e nem de opção sexual – o tripé da esquerda para explicar toda a realidade (de Jane Austen a criminalidade em favelas, onde a maior parte da população é negra).
Esta simplesmente explode nas áreas menos seguras e com menos policiamento por habitante das cidades. As regiões pobres. E se morrem muitos negros e não tantos brancos, não é porque brancos matam negros. Pelo contrário, crimes devidos a racismo são raros no Brasil, onde quem cai na cultura da criminalidade são os mais pobres, incluindo muitos negros. Para Castro, é fácil repetir e repetir castreanamente o discurso de que “os negros são mortos em proporções tão altas (…) porque existe uma cultura racista no Brasil”. Difícil é mostrar que são os brancos que estão matando os negros.
É a típica superstição de quem só tem dois conceitos para encarar a realidade: brancos racistas e negros vítimas. Aliás, sabe o que é superstição? É um negão voador. Hahah. Foi parte da cultura racista? Matou algum amigo negro por aí?
kgb Danilo Gentili e a amamentação: se a patrulha não agüenta, que beba leite.Depois, esse pensamento de ameba não verá contradição nenhuma quando encarar a população carcerária: na verdade, aí vai dizer que prendem mais negros por causa da “cultura racista”, sem notar a contradição com o fato de mais negros morrerem, e que isso nada tem a ver com o racismo. Para a matemática esquerdista, quando dois fatos se contradizem, usam o mesmo discurso nos dois lados, e ainda dizem que eles se reforçam. 0 + 0 = 2.
Castro cita uma piada de Danilo Gentili que causou certo furdunço há algum tempo. Gentili postou em seu Twitter: “King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?”
A ONG Afrobras (?) chiou. Afirmou que a piada “desrespeitou todos os negros brasileiros e também a democracia” (?!). Gentili respondeu muito mais à altura: “Na piada do King Kong, não disse a cor do jogador. Disse que a loira saiu com o cara porque é famoso. A cabeça de vocês é que têm preconceito.” E foi além:
“Se você me disser que é da raça negra, preciso dizer que você também é racista, pois, assim como os criadores de cachorros, acredita que somos separados por raças. E se acredita nisso vai ter que confessar que uma raça é melhor ou pior que a outra, pois, se todas as raças são iguais, então a divisão por raça é estúpida e desnecessária. Pra que perder tempo separando algo se no fundo dá tudo no mesmo?
Quem propagou a ideia que “negro” é uma raça foram os escravagistas. Eles usaram isso como desculpa para vender os pretos como escravos: “Podemos tratá-los como animais, afinal eles são de uma outra raça que não é a nossa. Eles são da raça negra”.
A resposta inteira (e genial até a última linha) pode ser lida aqui.
A sanha de repetir a aleivosia chatérrima para explicar TUDO (Castro honra mesmo o sobrenome-pseudônimo que arrumou para si, com seus discursos morosos, gigantescos, moralistas, sempre culpando o mesmo inimigo, mentirosos e extremamente mal escritos) prossegue com os gays. Afirma:
“Em 2010, foram mortos 260 homossexuais no Brasil, 62 a mais que em 2009 (198), um aumento de 113% desde 2007 (122). Nos EUA, com 100 milhões a mais de habitantes, moram mortos 14. Um homossexual brasileiro tem 785% mais chances de morrer vítima de violência que um norte-americano.”
Nem lemos o restante. Sabemos que é tudo culpa da piadinha da bicha que entra no banheiro público e vê um corcunda com um jaramaralho enorme. E que nós somos cúmplices, por causa da “cultura homofóbica”. E nem é difícil imaginar o que vão afirmar os moralistas torrando o saco dos humoristas, com Gentili como public enema number one. (afinal, é o “humorista reaça”): que é culpa da Igreja por achar que homossexualismo é pecado (mesmo com o papa falando que somos todos pecadores e devemos perdoar, mas que esquerdista lê antes de dar opinião?), que nossas piadas ajudam no genocídio de gays.
Falta só mostrar como é que 260 homossexuais mortos num país que mata CINQÜENTA MIL pessoas por ano é… bom, culpa da homofobia brutal (pior: a maior parte desses crimes, assim como no caso das mulheres, é cometida pelos parceiros das vítimas; ou seja, por outros gays). Aliás, foi o próprio Gentili que soltou uma piada ótima sobre isso: temos 50 mil homicídios por ano e mataram 260 gays. Alguém aí comeu minha bunda hoje? Só por segurança.
Piada de gaúcho pode? Mesmo de Pelotas? Vamos perguntar ao ex-presidente preferido dos esquerdistas:
Você viu quantos esquerdistas reclamando dessa piada até hoje? Dizendo que faz parte da “cultura da homofobia”? Criticando o obscurantismo do ex-presidente? Afirmando que é um ataque à minorias e que não tem nada de transgressor em ser “preconceituoso”? Que não foi ousado nem criativo? Que perpetua as diferenças? Que é babaca ser politicamente incorreto?
A resposta é simples: nenhum. Porque querem um humor unidirecional. Um humor útil politicamente. Um humor manjadão, inofensivo, e que só ataque o grupo que eles querem atacar. Pode não ser você hoje. Mas pode ser você amanhã.
Piada contra o Danilo Gentili pode. Contra o Reinaldo Azevedo, o Olavo de Carvalho, o Rodrigo Constantino. Piada contra a “classe média”, contra o “coxinha” (já por si uma piada ofensiva), o religioso (mesmo o pobre, que se dane, ninguém mandou ser religioso), o inofensivo, que só quer dar uma risada com uma bobeira no fim do dia.
Mas se você fizer uma piadinha que um esquerdista possa explorar pelo tripé gênero-raça-sexualidade (aquele sempre usado na academia, tão maravilhosamente denunciado por Roger Kimball em Radicais nas universidades: como a política corrompeu o ensino superior)… Aí o esquerdista vai reclamar. E dizer que é seu salvador. E dizer para você se ofender, mesmo que você antes estivesse pouco se lixando. Afinal, só com a sua agenda de Estado forte e interventor podemos impedir que alguém nos deixe infelizes, acabando para sempre com a ofensa – afinal, todos pensarão o mesmo com seus cérebros misturados.
No fim, não vai haver mesmo muita diferença entre você e um brócolis.
.
Post Scriptum: Não deixem de acompanhar o desenrolar do caso e muitas outras coisas na minha página: https://www.facebook.com/flaviomorg

FONTE: http://www.implicante.org/artigos/danilo-gentili-e-a-amamentacao-se-a-patrulha-nao-aguenta-que-beba-leite/